GRAÇA AOS HUMILDES

GRAÇA AOS HUMILDES.

“...Por isso diz a Escritura: "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes".   (Tiago 4.6).

As pessoas nunca deixam de nos fascinar.

- ALGUMAS VIDAS SÃO COMO CARROS DE CORRIDA NA PISTA.

Movimentam-se em uma velocidade enorme.
São ativas, muito motivadas; raramente param, exceto num “pit stop” para comer, descansar o mínimo necessário, e deixar que seu coração reduza o ritmo, antes de começar tudo de novo.
Apesar disso, por toda a sua fúria e velocidade, elas realizam poucas coisas importantes.
Estão sempre atrás de grandes atividades e derramam cada grama de energia nelas, mas, quando chegam ao fim da corrida, suas vidas são como seus tanques – vazias.

- ALGUMAS VIDAS SÃO COMO METEOROS

Vão viajando e esbarando através do espaço até colidir com o mundo, com um brilho ofuscante. Ficam famosos, todo mundo os vê e também reconhece sua notoriedade. Assim que se tornam públicas e viram notícia, explodem e se queimam facilmente. O mesmo mundo que lhes serve de combustível é também o mesmo que os consome. É de algum impacto, contudo, não duradouro nem significativo.

-  ALGUMAS VIDAS SÃO RIOS CALMOS E PROFUNDOS

Estas são pessoas fiéis, perseverantes, doadoras, pessoas que apoiam, silenciosamente poderosas. Usam sua força para ajudar os outros. Sempre permitem que outros deslizem e avancem sobre sua superfície. Irradiam sua vida por onde passam, seguem seu curso firme, respeitando seus limites. São pessoas convictas que sempre chegam ao seu destino.

- ALGUMAS VIDAS SÃO COMO TELHADOS.

Para pessoas assim, a vida começa com uma subida agradável, que vai cada vez mais para cima. Deus concedeu a elas muitos talentos, um intelecto superior, uma beleza que se destaca, confiança interior, e todas as vantagens para o sucesso. Essa pessoa é aquela que todos dizem: “fiquem de olho nele, vai longe! ”. Quando alcança a liderança, faz coisas grandes e importantes. Quando chega no “pico” do telhado, começa a descer, descendo sempre na direção oposta. De modo surpreendente pela rebeldia, pelo escândalo, pelo desapontamento, pelo embaraço, e por fim pelo fracasso total.

A Bíblia Tem pessoas de todos esses tipos: O carro de corrida impetuoso, o meteoro berrante, o rio enigmático, mas o mais comum de todos, para minha triste surpresa, é a vida que se parece com a figura de um telhado que sobe e depois desce. Começam bem, mas é triste e longo o seu declínio.
Assim foi a vida de Saul, o rei que recusou a se curvar.

A trágica história de Saul é um alerta para todos nós, quando nos lembra que o impacto de uma vida, quer seja positivo ou negativo, não pode ser medido com precisão até que tenha percorrido todo o seu caminho.

É sempre bom ter cuidado e não emitir opiniões antes da hora, com respeito a certos indivíduos, especialmente aqueles que se destacam por seus muitos dons.

Saul o primeiro Rei de Israel, é uma das figuras mais trágicas e surpreendentes do Antigo Testamento.

Em alguns aspectos ele é bem grande e em outros, bem pequeno.
Ele é dominantemente formoso e em alguns momentos decididamente feio.

Ele é ao mesmo tempo um gigante e um anão, um herói e um desertor.
Ora é um rei, ora é um escravo.

Um homem a quem Deus ungiu e a seguir um homem que o Diabo possuiu.
Começou de maneira promissora e terminou de maneira tão triste.

Saul demostrou ter percebido o estilo de vida que abraçou:
“...tenho agido como um tolo e cometido um grande erro". (1 Samuel 26:21).

A vida de Saul serve como um alerta para todos nós:

Quando você estiver diante de um dilema moral, e souber a posição de Deus sobre a questão, trate de não escolher o erro, pare para refletir e faça a coisa certa. Talvez seja sua última chance de fazer a coisa certa.

Quando se lembrar da vida de Saul:

1) CONSIDERE O PODER QUE TEM UMA ÚNICA DECISÃO.

Até os dias de Saul o governo era uma “teocracia”, Deus governava e pronto. Em certo momento da história o povo olhou para as outras nações e desejou um rei.

1 Quando envelheceu, Samuel nomeou seus filhos como líderes de Israel.
2 Seu filho mais velho chamava-se Joel, o segundo, Abias. Eles eram líderes em Berseba.
3 Mas os filhos dele não andaram em seus caminhos. Eles se tornaram gananciosos, aceitaram suborno e perverteram a justiça.
4 Por isso, todas as autoridades de Israel reuniram-se e foram falar com Samuel, em Ramá.
5 E disseram-lhe: "Tu já estás idoso, e teus filhos não andam em teus caminhos; escolhe agora um rei para que nos lidere, à semelhança das outras nações"  (1 Samuel 8.1-5).

Eles foram chamados para ser diferentes, mas seu desejo agora era ser: “..à semelhança das outras nações”. (1 Samuel 8.5).

Temos que ter muito cuidado quando invejamos os outros. A inveja não é virtude é defeito.

“O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos”. (Provérbios 14:30).

A podridão dos ossos cheira mal. C. S. LEWIS declarou certa vez:

“A verdadeira narina cristã deve estar continuamente atenta à fossa interior”.

Em palavras um pouco mais simples: “precisamos cheirar e identificar nosso próprio fedor”. É a inveja que em grande parte nos atrai para as coisas do mundo.

Reconheçamos que a escolha do povo, foi uma escolha ruim:

6 Quando, porém, disseram: "Dá-nos um rei para que nos lidere", isto desagradou a Samuel; então ele orou ao Senhor.
7 E o Senhor lhe respondeu: "Atenda a tudo o que o povo está lhe pedindo; não foi a você que rejeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei.  (1 Samuel 8.6,7)

Eles na verdade rejeitaram o reinado de Deus. Eles rejeitaram a autoridade de Deus.

Foram alertados sobre o caminho que estavam escolhendo.

18 Naquele dia, vocês clamarão por causa do rei que vocês mesmos escolheram, e o Senhor não os ouvirá".
19 Todavia, o povo recusou-se a ouvir Samuel, e disseram: "Não! Queremos ter um rei.
20 Seremos como todas as outras nações; um rei nos governará, e sairá à nossa frente para combater em nossas batalhas". (1 Samuel 8:18-20).

PARA QUE ELES FOSSEM IGUAIS AS OUTRAS NAÇÕES ELES PERDERIAM O QUE TINHAM DE MELHOR A SUA DISTINÇÃO.

A perda de nossa Santidade, quase sempre segue por esse mesmo caminho. Chamados para ser diferentes, decidimos ser IGUAIS. Perdemos exatamente aquilo que nos diferencia do mundo: nossa santidade.

John Charles Ryle, em seu Livro: Santidade, diz o seguinte: “A santidade é o hábito de ter a mesma mente de Deus à medida que tomamos conhecimento da sua mente, descrita nas Escrituras. É o hábito de concordar com os juízos de Deus, abominando aquilo que Ele abomina, amando aquilo que Ele ama e medindo tudo quanto há neste mundo pelo padrão da sua Palavra. A pessoa mais santa é aquela que em tudo concorda com Deus”. (Santidade, Págs. 66-67).

Uma escolha errada não afeta apenas uma pessoa. Na verdade, se escolha é feita por uma nação, ela afetará milhares de pessoas.
Quando tiver que escolher, pense bem! Lembre-se do poder que tem uma única decisão. Sua escolha pode definir o seu futuro para sempre.

2) A OBEDIÊNCIA NÃO É UMA OPÇÃO.

Como sabemos a nação de Israel escolheu Saul, para ser o seu Rei. A Bíblia apresenta Saul de forma surpreendente:

1 Havia um homem de Benjamim, rico e influente, chamado Quis, filho de Abiel, neto de Zeror, bisneto de Becorate e trineto de Afia.
2 Ele tinha um filho chamado Saul, jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais altos batiam nos seus ombros.
(1 Samuel 9.1,2).

No início de sua vocação, Saul mostrou-se um homem humilde:

21 Saul respondeu: "Acaso não sou eu um benjamita, da menor das tribos de Israel, e não é o meu clã o mais insignificante de todos os clãs da tribo de Benjamim? Por que então estás me dizendo tudo isso? " (1 Samuel 9.21)

Quase que de um dia para o outro a popularidade de Saul estourou.
Seguindo sua explosão de glória, a vida de Saul começou a desandar. Saul tornou-se vítima dele mesmo.

Saul recebeu uma ordem simples do Profeta Samuel, quando decidiu seguir com seu exército para Gilgal.

“8 Vá na minha frente até Gilgal. Depois eu irei também, para oferecer holocaustos e sacrifícios de comunhão, mas você deve esperar sete dias, até que eu chegue e lhe diga o que fazer". (1 Samuel 10.8)

Saul, não soube esperar, decidiu desobedecer. Certamente ele e todo o seu exército pagaram um alto preço por sua desobediência.

4 E todo Israel ouviu a notícia de que Saul tinha atacado o destacamento dos filisteus atraindo o ódio dos filisteus sobre Israel. Então os homens foram convocados para se unirem a Saul em Gilgal.
5 Os filisteus reuniram-se para lutar contra Israel, com três mil carros de guerra, seis mil condutores de carros e tantos soldados quanto a areia da praia. Eles foram a Micmás, a leste de Bete-Áven e lá acamparam.
6 Quando os soldados de Israel viram que a situação era difícil e que seu exército estava sendo muito pressionado, esconderam-se em cavernas e buracos, entre as rochas e em poços e cisternas.
7 Alguns hebreus até atravessaram o Jordão para chegar à terra de Gade e de Gileade. Saul ficou em Gilgal, e os soldados que estavam com ele tremiam de medo.   (1 Samuel 13.4-7).

Sem as ordens de Samuel, o que Saul faz? Ele ofereceu sacrifícios em lugar do sacerdote.

9 Então ele ordenou: "Tragam-me o holocausto e os sacrifícios de comunhão". Saul ofereceu então o holocausto,
10 e quando ele terminou de oferecê-lo, Samuel chegou, e Saul foi saudá-lo.
11 E perguntou-lhe Samuel: "O que você fez? " Saul respondeu: "Quando vi que os soldados estavam se dispersando e que você não tinha chegado no prazo estabelecido e que os filisteus estavam reunidos em Micmás,
12 pensei: ‘Agora, os filisteus me atacarão em Gilgal, e eu não busquei o Senhor’. Por isso senti-me obrigado a oferecer o holocausto".
(1 Samuel 13.9-12).

Deus nunca obrigará ninguém a cumprir aquilo que não é sua obrigação.

Neste momento o pânico substituiu a paciência. Esse é o pior momento de um servo de Deus, quando se decide por resolver tudo com as próprias mãos.

Três erros principais estão na sua atitude:

- Os Reis não podiam oferecer holocaustos em nome da comunidade. Um rei só poderia oferecer sacrifícios por si mesmo, nunca pela nação. Isso somente poderia ser feito pelo sacerdote.

- Era Samuel quem deveria conduzir os planos de batalha do Senhor. Saul deveria ter esperado por ele. Saul se esqueceu que o sacrifício para um hebreu era uma prova de submissão e não um ato de suborno.

- Saul na hora da crise, tomou a decisão de confiar mais em si mesmo. Sua decisão de oferecer o sacrifício está baseada no bom senso, na perspectiva terrena e não na vontade de Deus. Ele decide avançar contra seus inimigos com uma estratégia humana e não divina.

Seu erro lhe custou o seu reinado:

13 Disse Samuel: "Você agiu como tolo, desobedecendo ao mandamento que o Senhor seu Deus lhe deu; se você tivesse obedecido, ele teria estabelecido para sempre o seu reinado sobre Israel.
14 Mas agora seu reinado não permanecerá; o Senhor procurou um homem segundo o seu coração e o designou líder de seu povo, pois você não obedeceu ao mandamento do Senhor". (1 Samuel 13.13,14).

Para o nosso Deus a obediência não é negociável. Obediência não é uma opção.

22 Samuel, porém, respondeu: "Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros. (1 Samuel 15:22).

A obediência é melhor do que o sacrifício.

Saul se esqueceu:

3) SÃO OS PRINCÍPIOS QUE MERECEM MAIOR ATENÇÃO

Como tão rapidamente Saul se esqueceu de coisas importantes para um rei que foi ungido por Deus.

Todos sabemos que ele não começou assim. Ele era alto, modesto, generoso, um guerreiro corajoso, um servo-líder e humilde. Contudo, porque recusou-se a se curvar, o seu coração se endureceu. Aos seus olhos Saul tornou-se maior do que Deus, resistiu a tudo aquilo que ele deveria representar.

Quando falha do orgulho, Agostinho de Hipona em suas “confissões” assim se expressa:

“Se um homem glorificado por qualquer dom que vós, ó meu Deus, lhe concedestes, se compraz mais em louvar-se do que em possuir esse dom que lhe atrai louvor – Vós o reprovais, apesar de louvado pelos homens”.
(Confissões, Pg. 274 – Livro X - O encontro de Deus).

Essa história está repleta de princípios que precisam chamar a nossa atenção:

- Como Você termina é muito mais importante do que como você começa.

Só quando um homem ou uma mulher acabam bem, podemos dizer que a vida foi um sucesso. Um bom começo não garante um bom final.
Finais felizes são o resultado de boas escolhas, disciplina persistente ao longo de toda uma vida de total obediência a Deus.

- Racionalização é desobediência, pois se recusa a aceitar a verdade.

A mentira mais destrutiva talvez seja aquela que você conta a si mesmo e acredita.

A racionalização é uma auto ilusão. É quando torcemos uma verdade de maneira que ela se torna uma mentira conveniente.

Racionalizações geralmente são baseadas em boas intenções, mas sempre levam à inquietação. O fato de só ter uma escolha não é fácil, é muito complicado. Ainda assim, o certo é obedecer.

Quando a ordem é clara, porque tanto analisar e interpretar? Se é uma ordem de Deus simplesmente obedeça.

Quase sempre em questões claras como as que estão a seguir, nossa tendência mais comum é racionalizar:

Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? ”.  (2 Coríntios 6:14).

“A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual”.  (1 Tessalonicenses 4:3)

Mais claro do que isso impossível.

São ordens de Deus, e você decidirá entre racionalizar ou obedecer.
Para evitar problemas com as ordens de Deus:

- Permaneça Responsável – Dê ouvidos à repreensão.

- Rejeite o Orgulho – O orgulho sempre fará você defender decisões tolas. É sempre melhor admitir que errou e começar de novo.

- Persevere na Verdade – Siga a verdade por onde ela o levar. Nesse caminho sempre você encontrará as bênçãos de Deus.

Nunca se esqueça: A honra que Deus pode lhe dar, será sempre muito maior do que aquela que você poderia dar a si mesmo.

É por isso que a Escritura diz: “ Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes". (Tiago 4.6).




Baseado no Livro: SWINDOLL, Charles R. Vidas Incríveis: histórias fascinantes sobre vidas esquecidas. Trad. Eloisa Pasquini. São Paulo: Ágape: 2013.  .Págs. 149-178.

Referências:
RYLE, John Charles. SANTIDADE: Sem a qual ninguém verá o Senhor. Trad. João Bentes & Waleria Coicev. 2ª Ed. São Paulo: Editora Fiel, 2014. Págs. 66-67 (Primeira Edição em inglês:1879).


AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. Confissões. Trad. J. Oliveira e Ambrósio de Pina. 26. Ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Pg. 274. Livro X - O encontro de Deus. 

ESTADO DE CALAMIDADE

ESTADO DE CALAMIDADE


“Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes.
E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim”.
(Josué 7.19,20).

Acã foi um dos guerreiros que lutou ao lado de Josué na conquista da cidade de Jericó. Acã pecou, e por consequência do seu pecado, estava decretado no meio do povo de Deus: Estado de Calamidade.
O assunto pecado nunca é fácil de ser abordado. Apesar de as palavras virem tão facilmente aos lábios, porque existe tanta coisa para ser dita, o tema é muito desagradável e extremamente difícil.
O pecado enluta o coração de Deus, traz muito dano ao pecador, e quase sem exceção afeta os outros.
A história desse homem chamado Acã oferece um clássico exemplo disso.

Tenho aprendido com a vida de Acã que:

1)   FALHAR E ANDAR NA ESCURIDÃO SÃO COISAS DISTINTAS.

Precisamos deixar algo claro. Cristãos – genuinamente redimidos, cheios do Espírito Santo, membros transformados do Corpo de Cristo – continuarão a lutar contra a tentação e o fracasso moral depois de receberem, pela fé, o presente e a segurança da vida eterna.
Uma vez que fomos trazidos para a família de Deus pela graça, precisamos continuar vivendo na graça. Ao mesmo tempo, entretanto não temos desculpa para brincar com o pecado. O pecado na vida de um crente esclarecido, não causa menos dano e diz muito a respeito de seu relacionamento com Deus.


Esse é o assunto muito bem abordado em 1 João 1. 5-10:

5 E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas.
6 Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade.
7 Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
10 Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.   (1 João 1:5-10).

Você deve ter notado, que durante todo o texto, João descarta qualquer desculpa por negação ou razão que possamos usar para justificar o pecado.

QUANDO ALGUÉM PECA, UMA DE DUAS COISAS É VERDADEIRA:
- Essa pessoa ainda está seguindo o caminho da escuridão para o inferno, ou
- É um crente que escolheu conscientemente viver na carnalidade e na rebelião.

Sinceramente, não sei qual é pior, mas pendo para o último, já que o crente rebelde causa sério impacto em outras pessoas de sua própria família e da família de Deus.
Quando falo de rebelião carnal, não me refiro àquelas vezes em que estamos andando na luz e caímos de cara no chão. Isso é uma parte natural de nosso crescimento diário, de provação e erro.

A rebelião é diferente. É UMA ESCOLHA CONSCIENTE de continuar no comportamento pecaminoso, até viciar-se. Isso é o que João diz a respeito de andar na escuridão:
“6 Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos na escuridão, mentimos, e não praticamos a verdade”.  (1João 1.6).

ANDAR NA ESCURIDÃO, é fazer a sua LIVRE ESCOLHA de viver como um não crente. E, quando isso acontece, é hora de fazer um autoexame, construtivo, saudável e dolorosamente honesto.

Como conjugar essa livre escolha diante da tão grande soberania de Deus? Tal livre escolha é possível?

Richard Dawkins, um ateu convicto, decidiu deliberadamente atacar as religiões, e para isso escreveu um livro intitulado: “Deus um Delírio”. Nele, Dawkins afirma que escolhas realmente legítimas são feitas ignorando-se a existência de Deus e de suas normas.

Para Dawkins, “A maioria das pessoas sensatas concorda que a moralidade na ausência de policiamento é mais verdadeiramente moral que o tipo de falsa moralidade que desaparece assim que a polícia entra em greve ou que a câmera de vigilância é desligada. Seja uma câmera de verdade ou uma câmera imaginária no céu. ...SE NÃO HÁ DEUS, POR QUE SE DAR AO TRABALHO DE SER BOM? (Pg 300).

Essa é uma equivocada compreensão sobre a moralidade humana e sobre a liberdade de escolha concedida a cada ser humano.

Um bom antídoto para esse equívoco seria ler: O DELÍRIO DE DAWKINS de ALISTER MCGRATH e Joanna Alister. McGrath, outrora ateu, doutorou-se em biofísica molecular antes de tornar-se teólogo. Foi contemporâneo de Dawkins na Universidade de Oxford.

Essa é a grande questão a ser considerada no tema LIBERDADE DE ESCOLHA. Se Deus existe, tudo o que faço tem significativas e grandes consequências, se ignoro a existência de Deus e suas Leis, tudo é permitido.
Esse é novamente o equívoco cometido por Jean-Paul Sartre (1905-1980) em seu “O Existencialismo é um humanismo” quando a­firma: "Dostoiévski escreveu: 'Se Deus não existisse, tudo seria permitido. (Referindo-se ao romance Os Irmãos Karamázov de autoria de Dostoiévski).

Para melhor nos fazer compreender a liberdade cristã, João Calvino é bastante profundo ao trabalhar esse tema na “Instituição da Religião Cristã”. Assim ele afirma:

“De fato, tão pronto se menciona a liberdade cristã, imediatamente uns dão rédea solta a seus apetites, e outros promovem grandes alvoroços, se oportunamente não se põe freio a esses espíritos superficiais, que corrompem e põem a perder por completo quanto se lhes põe na frente, por excelente que seja.
POIS UNS, SOB PRETEXTO DE LIBERDADE, IGNORAM TODA OBEDIÊNCIA A DEUS E SE ENTREGAM A UMA LICENÇA DESENFREADA; OUTROS INDIGNAM-SE E NÃO QUEREM OUVIR FALAR DESSA LIBERDADE, CRENDO QUE COM ELA SE CONFUNDE E SUPRIME TODA MODERAÇÃO, ORDEM E DISCRIÇÃO.
Que fazer em tal situação, vendo-nos cercados por todas as partes e colocados em tal apuro? Será por acaso o melhor não fazer menção da liberdade cristã nem a ter em conta, para evitar assim esses perigos?
MAS JÁ DISSEMOS QUE, SEM O CONHECIMENTO DELA, NEM CRISTO NEM A VERDADE DE SEU ESPÍRITO, NEM O REPOUSO OU A PAZ DE ESPÍRITO PODEM SER CONHECIDOS DEVERAS.
Sendo assim, devemos, pois, pelo contrário, pôr toda nossa diligência para que uma doutrina tão necessária como essa não seja sepultada e para que, ao mesmo tempo, fiquem refutadas todas as objeções absurdas que costumam suscitar com respeito à matéria”. (Págs. 294-295)

Como então, alguém que conhece a Palavra de Deus, consegue de forma consciente negar sua fé e viver de forma totalmente oposta à vontade expressa de Deus? Alguns tem afirmado que tal comportamento tem se tornado cada vez mais comum, e esse estilo de vida tem sido abraçado por aqueles que escolhem a “indiferença”.

Esses cristãos ateus, como bem definem AUGUSTUS NICODEMUS e CRAIG GROESCHEL, em seus respectivos livros sobre este tema, decidem viver totalmente “indiferentes” a vontade de Deus e a normas existentes em suas comunidades de fé.

Para GEORGES MINOIS, um historiador francês nascido em 1946, Doutor em História, tal comportamento é fruto de um “tipo” de ateísmo tranquilo, sinônimo de indiferença:
“Para muitos de nossos contemporâneos, o problema religioso nem sequer é um problema…”A indiferença pura está próxima, já está aí, apesar das aparências. O ateísmo engajado e agressivo não desapareceu inteiramente, mas foi substituído por um ateísmo tranquilo, sinônimo de indiferença”.  (História do Ateísmo, pg. 711).

Esse é o perigo de viver na indiferença. É conscientemente escolher um caminho de morte. Acã fez exatamente assim, ao invés de escolher o que Deus escolheu, ele preferir seguir suas próprias escolhas.
James Hudson Taylor (1832 - 1895). Missionário que nasceu em Yorkshire na Inglaterra e que fundou em 1865 a Missão Interior da China, dizia o seguinte:
 "Deus sempre dá o melhor para aqueles que deixam a escolha com Ele".

Não há e não pode haver melhor escolha, do que escolher viver segundo a vontade de Deus.

Tenho aprendido com a vida de Acã que:
2) O PECADO ESCONDIDO TEM EFEITO PROGRESSIVO E MORTAL.

“O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. (Pv. 28.13).

Quando lemos Josué capítulo 7, conhecemos a história de uma comunidade vitoriosa que desfrutava das bênçãos de Deus. Entretanto, não demorou até que a comunidade começasse a enfrentar derrotas inexplicáveis, pois um membro escolheu desobedecer a Deus.

A comunidade era a nação de Israel, antes que os israelitas tivessem conquistado e se estabelecido inteiramente na Terra Prometida.

A geração anterior de Hebreus, que experimentaram a primeira páscoa na terra do Egito e viram a poderosa mão de Deus abrir o Mar Vermelho, já tinha morrido a essa altura. Essa geração não confiou no Senhor que prometeu dar-lhe vitória, então Ele os fez viver nômades durante quarenta anos no Deserto.
Esta nova e mais jovem geração precisava de encorajamento. Então, Deus deu-lhes uma vitória miraculosa contra a cidade fortaleza de Jericó. Essa história prepara o palco para a História de Acã, o homem cujo pecado trouxe calamidade.

Leiamos Josué 6. 15-21.
15 E sucedeu que, ao sétimo dia, madrugaram ao subir da alva, e da mesma maneira rodearam a cidade sete vezes; naquele dia somente rodearam a cidade sete vezes.
16 E sucedeu que, tocando os sacerdotes pela sétima vez as buzinas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o Senhor vos tem dado a cidade.
17 Porém a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá; ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviamos.
18 Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não toqueis nem tomeis alguma coisa dele, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o perturbeis.
19 Porém toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal, e de ferro são consagrados ao Senhor; irão ao tesouro do Senhor.
20 Gritou, pois, o povo, tocando os sacerdotes as buzinas; e sucedeu que, ouvindo o povo o sonido da buzina, gritou o povo com grande brado; e o muro caiu abaixo, e o povo subiu à cidade, cada um em frente de si, e tomaram a cidade.
21 E tudo quanto havia na cidade destruíram totalmente ao fio da espada, desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento.
(Josué 6.15-21).

Percebemos nestas narrativas, que temos PECADOS INDIVIDUAIS com grande IMPACTO NA VIDA DA COMUNIDADE. Como funciona isso?

Em seu livro: “A IGREJA E A SURPREENDENTE OFENSA DO AMOR DE DEUS”, JONATHAN LEEMAN, um dos pastores da Igreja Batista de Capitol Hill em Washington, tratando sobre o tema COMUNITARISMO, afirma que:
“.... Nós, como indivíduos, devemos buscar viver nossa vida com mais mentalidade de grupo ou comunidade, já que nenhum de nós é uma ilha, afinal. ” (Pg. 77).

Esse é um princípio que precisa ser observado pela igreja hoje:

“Para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros.
De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.
Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros.
(1 Coríntios 12:25-27).

Vivemos em comunidade, somos uma comunidade, e tudo o que fizermos afetará diretamente as pessoas de nossa comunidade.

Tenho aprendido com a vida de Acã que:
3)   QUANDO HÁ PECADO A VITÓRIA VIRA TRAGÉDIA.

Esta era uma vitória importante para o povo hebreu. Era a sua experiência equivalente ao “mar vermelho”. A sua experiência com o sobrenatural.
Deus permitiu a essa geração participar de uma vitória miraculosa. Deus estava mostrando que estava liderando a campanha da ocupação da Terra Prometida. Foi uma vitória estratégica, pois uma fortaleza do inimigo, foi desativada.

A conquista de Jericó foi muito parecida com a invasão da Normandia, na França, durante a Segunda Guerra Mundial. Esta vitória significou para os aliados o começo do fim do Nazismo. Todos sabiam disso, inclusive Hitler. Durou de 6 de Junho de 1944 – 22 de Agosto de 1944. (2 meses e 2 dias).  Esta Operação chamada de Overlord, foi a invasão das forças dos Estados Unidos, Reino Unido, França Livre e aliados na França ocupada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial em 1944. No dia 6 de junho de 1944 (chamado de Dia D), cerca de 100 mil soldados, com o apoio de 6 mil navios e 5 mil aviões, desembarcaram na costa da Normandia, França, abrindo uma nova frente de guerra no oeste.

De maneira parecida, a vitória em Jericó significou que a conquista final de Canaã era uma questão de tempo, mas ainda haveria muitas batalhas a serem travadas.

“Assim era o Senhor com Josué; e corria a sua fama por toda a terra”   (Josué 6:27)
E transgrediram os filhos de Israel no anátema; porque Acã filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zerá, da tribo de Judá, tomou do anátema, e a ira do SENHOR se acendeu contra os filhos de Israel. (Josué 7.1).

“Mas os israelitas foram infiéis”. Essa pequena conjunção, “mas”, torna-se aqui uma palavra muito poderosa. O que era celebração, tornou-se um horror.

Vamos ver o que significa “se apossar”. (Tomou do anátema).
A cidade de AI, não era nada comparada a cidade de Jericó.
“Enviando, pois, Josué, de Jericó, alguns homens a Ai, que está junto a Bete-Áven do lado do oriente de Betel, falou-lhes dizendo: Subi, e espiai a terra. Subiram, pois, aqueles homens, e espiaram a Ai.
E voltaram a Josué, e disseram-lhe: Não suba todo o povo; subam uns dois mil, ou três mil homens, a ferir a Ai; não fatigueis ali a todo o povo, porque poucos são”. (Josué 7:2,3).

O relatório é bem simples: Não se preocupe com essa cidade Josué. O Nome AI, por si só já significa Ruína.

Assim, subiram lá, do povo, uns três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai.

E os homens de Ai feriram deles uns trinta e seis, e os perseguiram desde a porta até Sebarim, e os feriram na descida; e o coração do povo se derreteu e se tornou como água.  (Josué 7:4,5).

Para um exército que destronou uma fortaleza como a Cidade de Jericó, sair fugitivo de uma pequena cidade como Ai? O que havia mudado em tão pouco tempo?

Acã, por sua vida de total indiferença para com Deus e com o seu povo, se esqueceu de quem era Deus.

A grande questão aqui é:
13 E NÃO HÁ CRIATURA ALGUMA ENCOBERTA DIANTE DELE; ANTES TODAS AS COISAS ESTÃO NUAS E PATENTES AOS OLHOS DAQUELE COM QUEM TEMOS DE TRATAR. (HEBREUS 4.13).

Deus sabia o que Acã estava fazendo.
O que Acã estava fazendo agredia a vontade de Deus. Era pecado aos olhos de Deus.

O que é Pecado?
“...pois o pecado é rebeldia”.(1 João 3:4).(Trad. Almeida Revisada)
“Todo aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei”.  (1 João 3.4). (Trad. NVI)

De que nos serve a Lei?
Na “Instituição da Religião Cristã”, João Calvino afirma que:
“O ofício da lei consiste em advertir-nos de nosso dever e incitar-nos a viver em santidade e inocência”.  (Pg. 295).

A lei foi dada ao povo de Deus para ser uma fonte segura de instrução e de direção.

O grande Rabi Moshê Ben Maimon (Maimônides) ou simplesmente Rambam, que nasceu precisamente em 1135, na cidade de Córdoba, na Espanha e faleceu em 13 de dezembro de 1204 – tendo sido sepultado na Cidade de Tiberíades, em Israel, foi com certeza o maior intérprete da Torá para a religião judaica. Em seus escritos Rambam afirma que cada um dos preceitos da Torá serve para:

1.Transmitir atitudes apropriadas
2.Remover concepções errôneas
3.Estabelecer legislação
4.Eliminar a perversidade e a injustiça
5.Imbuir no indivíduo virtudes exemplares
6.Deter a pessoa perante as más inclinações.

Foi exatamente tudo isso que Acã jogou fora, quando decidiu se apropriar, tomar posse, de outros valores, que não os valores de Deus.

Agostinho de Hipona, em suas “confissões” narra esse tipo de pecado, como um afastamento de Deus, ocasionado por nossa total inversão de valores:
“O OURO, A PRATA, OS CORPOS BELOS E TODAS AS COISAS SÃO DOTADAS DE UM CERTO ATRATIVO...TODAVIA PARA A AQUISIÇÃO DE TODOS ESTES BENS, O HOMEM NÃO VOS DEVE ABANDONAR NEM AFASTAR-SE DA VOSSA LEI, Ó SENHOR. COMETE-SE O PECADO, PORQUE PELA PROPENSÃO IMODERADA PARA OS BENS INFERIORES, EMBORA SEJAM BONS, SE ABANDONAM OUTROS MELHORES E MAIS ELEVADOS, OU SEJA, A VÓS, MEU DEUS, A VOSSA VERDADE E A VOSSA LEI.  (Confissões, pg.57, Livro II - A causa ordinária do pecado).

O pecado de Acã foi exatamente o de trocar os valores de Deus pelos valores do mundo. É uma total inversão de valores. Deus estava dando ao seu povo cidades inteiras, fortalezas inteiras, uma cidadania e uma vida de estabilidade numa terra onde eles estariam livres. Acã trocou tudo isso, por uma capa e um “saco” de dinheiro. Quanta inversão de valores.

- “Vi entre os despojos uma boa capa babilônica”. A Babilônia sempre representou na Bíblia os valores destorcidos do mundo. Quando Acã rouba algo considerado maldito e ainda coloca dentro de sua tenda, ele faz o que muitas vezes nós fazemos em nossas vidas ao trazer para o nosso lar “capas babilônicas”. HOJE OS VALORES DO MUNDO têm feito parte da vida do cristão de uma forma muito sutil, através de modismos, televisão, músicas, vocabulário usado em novelas que mesmo não sendo acompanhadas por alguns, chegam até dentro dos lares através de mudanças de comportamento que estas novelas geram na sociedade como um todo

- “Duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinqüenta siclos”. Como você já deve ter percebido, desta vez Acã roubou aquilo que era do Senhor já que toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal, e de ferro são consagrados ao Senhor.

Tenho aprendido com a vida de Acã que:
4)   O PECADO SEMPRE SERÁ CONFRONTADO.

Josué orou e o Senhor lhe respondeu.

“Então disse o Senhor a Josué: Levanta-te; por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?
Israel pecou, e transgrediram a minha aliança que lhes tinha ordenado, e tomaram do anátema, e furtaram, e mentiram, e debaixo da sua bagagem o puseram.
Por isso os filhos de Israel não puderam subsistir perante os seus inimigos; viraram as costas diante dos seus inimigos; porquanto estão amaldiçoados; não serei mais convosco, se não desarraigardes o anátema do meio de vós.
Levanta-te, santifica o povo, e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que tireis o anátema do meio de vós.
Amanhã, pois, vos chegareis, segundo as vossas tribos; e será que a tribo que o Senhor tomar se chegará, segundo as famílias; e a família que o Senhor tomar se chegará por casas; e a casa que o Senhor tomar se chegará homem por homem.
E será que aquele que for tomado com o anátema será queimado a fogo, ele e tudo quanto tiver; porquanto transgrediu a aliança do Senhor, e fez uma loucura em Israel”.  (Josué 7:10-15).

A derrota em AI, finalmente fez sentido. Fatos importantes haviam sido revelados.

As permanentes vitórias do povo de Deus, estavam condicionadas a obediência que lhes era exigida.

A cidade de nome Ruína, colocou o povo de Deus para correr.
Havia alguns motivos:

- Havia pecado no meio do povo.
“Levanta-te, santifica o povo, e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; diante dos teus inimigos não poderás suster-te, até que tireis o anátema do meio de vós”. (Josué 7.13).

- Alguém havia se apossado de coisas pecaminosas.
Nos tempos antigos os soldados eram compensados com os despojos das guerras. Esse era quase sempre o salário de um guerreiro.
Este não foi o caso desta batalha em Ai.

“Porém a cidade será anátema ao Senhor, ela e tudo quanto houver nela; somente a prostituta Raabe viverá; ela e todos os que com ela estiverem em casa; porquanto escondeu os mensageiros que enviamos.
Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não toqueis nem tomeis alguma coisa dele, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o perturbeis.
Porém toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal, e de ferro são consagrados ao Senhor; irão ao tesouro do Senhor”.  (Josué 6.17-19).

Infelizmente, para o povo de Israel. Enquanto eles batalhavam alguém colocou a oferta do Senhor no bolso, Josué era um bom líder e inocente era diante de Deus. A grande maioria de Israel não era culpada. Mesmo assim todo o Israel de Deus sofreu.

A conexão com Deus foi quebrada. A presença do pecado interrompeu o desejo de Deus de abençoar a nação de Israel com mais essa vitória.
Vamos ser sinceros, Deus quer mesmo abençoar o seu povo, quase sempre nós é que atrapalhamos.

Charles Swindoll em seu livro: Vidas Incríveis diz o seguinte:
“Se uma benção a curto prazo, vai causar um dano a longo prazo, não pode ser chamada de graça. Deus nunca nos abençoará à custa da nossa santidade” (Pg. 117).

O problema é que no caso de Israel, tudo estava acontecendo porque literalmente eles haviam enterrado o pecado.

5)  UM PECADO PESSOAL TEM CONSEQUÊNCIAS PÚBLICAS

Um dos soldados que havia participado da conquista e da derrubada das muralhas de Jericó desobedeceu às ordens de Deus. Roubara um tesouro que pertencia a casa de Deus e que era para ser consagrado ao Senhor.
Imagine como estava o coração daquele pecador, ele sabia de cada uma das consequências do seu pecado.

O ladrão foi descoberto, tudo finalmente apontou para Acã.

Acã decidiu revelar o seu pecado, desenterra-lo de uma vez.
“E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de Israel, e fiz assim e assim.
Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro, do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata por baixo dela”.     (Josué 7:20,21)

Veja se você consegue perceber a espiral do Pecado.
VI – COBICEI – PEGUEI – ESCONDI.
É assim que acontece, o problema é que ele não conseguiu visualizar o fim do pecado: FUI PEGO.

Quando Acã decidiu pelo pecado, deve ter encontrado inúmeras justificativas para fazer o que fez. Contudo, se esqueceu de calcular as trágicas consequências de seu pecado.

6) O PECADO SEMPRE SERÁ DURAMENTE CONFRONTADO.

Acã trouxe para dentro da sua vida, algo muito maior do que ele imaginava, algo que nunca ficaria enterrado. Era uma ofensa enorme contra Deus.

“Tomaram, pois, aquelas coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a todos os filhos de Israel; e as puseram perante o Senhor.

Então Josué, e todo o Israel com ele, tomaram a Acã filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e seus filhos, e suas filhas, e seus bois, e seus jumentos, e suas ovelhas, e sua tenda, e tudo quanto ele tinha; e levaram-nos ao vale de Acor.

E disse Josué: Por que nos casou essa desgraça? O Senhor te causara uma desgraça neste dia. E todo o Israel o apedrejou; e os queimaram a fogo depois de apedrejá-los”. (Josué 7:23-25).

Acor é literalmente o vale da “desgraça”. E o nome Acã significa literalmente “encrenca”.

O homem que procurou encrenca, recebeu sua justiça no vale da desgraça.
“Levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até o dia de hoje; assim o Senhor se apartou do ardor da sua ira; pelo que aquele lugar se chama o vale de Acor, até ao dia de hoje”. (Josué 7:26).

Chocante, não é? É ainda mais chocante para cada um de nós que vive na era da graça.

Parece que quando ouvimos falar na era da graça, nós logo interpretamos essa expressão como uma “licença para pecar”.

O pecado ainda que seja um ato pessoal, ele nunca é isolado. O pecado sempre afeta os outros. Não há nada que satanás adore mais do que o nosso esforço hipócrita por manter o nosso pecado enterrado. O Diabo sempre nos tenta convencer de que nossas escolhas não afetaram a nossa coletividade.
Uma pessoa que deliberadamente decide continuar a “andar na escuridão”, contrária à mente de Deus, desgasta a eficácia de uma comunidade inteira e tira a esperança de vitória.

-Um Judas divide uma comunidade inteira de discípulos,
-Um Acã interrompe o processo vitorioso de um povo. 
-Um pouco de fermento leveda toda a massa.

Alguém que vive na comunidade e cultiva um terrível pecado enterrado, tem um impacto negativo tremendo.

7) PRINCÍPIOS SÃO PARA SEREM LEMBRADOS.

Quando observamos a história do homem que trouxe a calamidade para o seio do seu povo, devemos também observar alguns princípios:

1. É preciso parar de se enganar e reconhecer que o pecado escondido está errado.

Uma das defesas mais antigas do pecador é de negar o fato do pecado. Se você consegue se persuadir que seu hábito não é pecaminoso, a consciência não vai doer tanto. Mas o padrão que define o pecado é a palavra de Deus, não os desejos e opiniões do homem: "... o pecado é a transgressão da lei" (1 João 3:4). 
"Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte" (Provérbios 14:12).
Podemos fechar os olhos à verdade e recusar ouvir a palavra de Deus, mas tal rebeldia não mudará nem um "i" da verdade revelada.
"O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável" (Provérbios 28:9).

2. É necessário arrepender-se. 

O homem procura maneiras suaves de tratar o problema do pecado, mas Deus não as aceita. Ele exige o arrependimento verdadeiro, nascido da tristeza segundo Deus (2 Coríntios 7.10).
"O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13).
Para ficar livres do pecado, temos que deixá-lo.

3.  É Preciso pedir perdão a Deus. 

O perdão divino é condicionado na confissão do pecador. João escreveu para cristãos que, como todos, tinham seus defeitos. Mas ele não minimizou o problema do pecado.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9).  

“Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;
Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade”.
(Atos 8.22-23).


O arrependimento é o único caminho para o perdão dos pecados e a única forma de alcançar o favor do Senhor.



Baseado no livro:

SWINDOLL, Charles R. Vidas Incríveis: histórias fascinantes sobre vidas esquecidas. Trad. Eloisa Pasquini. São Paulo: Ágape: 2013.

REFERÊNCIAS:

MINOIS, Georges. História do Ateísmo: os descrentes no mundo ocidental, das origens aos nossos dias. Trad. Flávia Nascimento Falleiros. 1ª ed. São Paulo: Editora Unesp, 2014. Pg. 711.

DAWKINS, Richard. Deus um Delírio. Trad. Fernanda Ravagnani. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. Pg. 300.

CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. Tomo II, Livros III e IV. Trad. Elaine C. Sartorelli e Omayr J. de Moraes Jr.. São Paulo: Editora Unesp, 2009. Págs. 294-295.

SWINDOLL, Charles R. Vidas Incríveis: histórias fascinantes sobre vidas esquecidas. Trad. Eloisa Pasquini. São Paulo: Ágape: 2013. Pg. 117.

LEEMAN, Jonathan. A igreja e a surpreendente ofensa do amor de Deus: reintroduzindo as doutrinas sobre a membresia e a disciplina da Igreja. Trad. Waleria Coicev. São José dos Campos – SP: Editora Fiel, 2013. Pg. 77.

AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. Confissões. Trad. J. Oliveira e Ambrósio de Pina. 26. Ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Pg. 57.

AUTORES CITADOS E INDICAÇÕES DE LEITURA:

MAIMÔNIDES, Moshê Ben Maimon. Guia dos Perplexos. Trad. Paulo Rogério Rosenbaum. São Paulo: Editora Sêfer, 2014.

GROESCCHEL, Craig. O Cristão Ateu: crer em Deus, mas viver como se ele não existisse. Trad. Jurandy Bravo. São Paulo: Editora Vida, 2012.

NICODEMUS, Augustus. O ateísmo Cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2011.

MCGRATH, Alister e Joana. O Delírio de Dawkins. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2007.