O PODER DO PERDÃO




O PODER DO PERDÃO*

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

Essas são as primeiras palavras de Jesus na cruz, proferidas para Deus. Esse pedido de Jesus é uma resposta a tudo quanto foi proferido em sua direção.

DO HOMEM EM DIREÇÃO A JESUS: O PIOR.
- Aquele por quem o mundo foi feito veio ao mundo, mas o mundo não o conheceu.
- O Senhor da Glória tinha tabernáculo entre os homens, mas não foi desejado.
- No dia do seu nascimento não houve nenhum quarto na hospedaria
- Pouco tempo após seu nascimento o seu Rei procurou matá-lo
- Repetidas vezes seus inimigos tentaram e maquinaram sua destruição
- Julgado pelo seu povo o veredicto foi: Crucifica-o
- Uma cruz o aguardava: O salvador seria pregado nela.

DE JESUS NA DIREÇÃO DO HOMEM: O MELHOR.
- Na cruz foi pendurado em silêncio.
- Ao abrir seus lábios não clama por piedade
- Ao abrir seus lábios não pronuncia maldições
- Ao abrir seus lábios Ele está orando
- Ele decide perdoar os seus inimigos

“...Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)
Jesus inicia seu ministério terreno orando:
E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus, ORANDO ELE, o céu se abriu”. (Lucas 3.21).
Jesus está terminando seu ministério terreno orando.  (Lucas 23.34).
Certamente Ele nos deixou aqui um grande exemplo.
“...pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o EXEMPLO, para que sigais as suas pisadas”.  (1 Pedro 2.21).

No momento em que Jesus estava de pés e mãos atados, com sua atuação ministerial bastante limitada, Ele decidiu mesmo diante dessas limitações, manter um ministério abrangente.

O que aparentemente estava tornando o ministério de Jesus bastante LIMITADO?

LIMITAÇÕES:
- Suas mãos estavam pregadas, não poderiam ministrar aos doentes
- Seus pés estavam pregados, não poderiam movê-lo no exercício da misericórdia
- Os discípulos fugiram, não estavam ali, Ele não poderia lhes dar instrução e nem mesmo contar com eles.
Como ainda exercer seu ministério diante de tamanha LIMITAÇÃO?
Jesus dedicou-se naquele instante AO MINISTÉRIO DA ORAÇÃO.  A sua última lição deixada, diante de toda a sua limitação física, alcança a todos nós.

O MINISTÉRIO DA INTERCESSÃO
Penso hoje, que essa lição precisa alcançar aqueles que, por razão de doença, ou mesmo idade, não se sentem mais capazes de trabalhar na obra do Senhor. São ex-professores, ex-pregadores,  ex-distribuidores de folhetos; que agora estão em casa, as vezes cansados, enfermos, ausentes da vida da comunidade da igreja local, quem sabe Deus esteja convocando cada um de vocês a se engajarem no ministério da oração.  Quem sabe, você poderá realizar mais através deste ministério, do que realizou por toda a sua vida.
Neste ministério aprendemos que não há limites para Deus:
NADA ESTÁ ALÉM DO ALCANCE DA ORAÇÃO.

Cristo nos ensinou que podemos orar:
- Por nossos inimigos
- Por aquele homem de coração duro
- Por aquela mulher de sentimentos frios
- Por aquele filho obstinado
Aprenda a orar sabendo que nada está além do alcance da oração.

Cristo nos ensinou sobre a EFICÁCIA DA ORAÇÃO.
Sua intercessão na cruz, recebeu resposta marcada e definida. A resposta está na conversão das três mil almas no dia de pentecostes.
Jesus orou por eles: “

“...Pai, perdoa-lhes, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM”. (Lucas 23.34)

Veja o que Pedro disse sobre os que estavam presentes no dia de Pentecoste:
“E agora, irmãos, EU SEI QUE O FIZESTES POR IGNORÂNCIA, como também os vossos príncipes...que o Cristo havia de padecer”.  (Atos 3.17,18)

Certamente a explicação divina para a conversão destes que “fizeram Jesus Cristo padecer por total ignorância”, está no poder da oração perdoadora de Jesus: “Pai, perdoa-lhes”.

Percebemos que o perdão é uma parte importante no plano de Deus, e o nosso Deus usou o seu filho na cruz, para tornar o seu perdão ainda mais conhecido.

I - O PERDÃO COMO CUMPRIMENTO DA PALAVRA PROFÉTICA.

Foi predito na escritura que o Salvador deveria:
“Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, E INTERCEDEU PELOS TRANSGRESSORES”. (Isaías 53.12)

A oração de Jesus poderia se manifestar com conteúdos dos mais diversos: gratidão, louvor e tantos outros. Seu conteúdo foi de perdão.
A oração e o perdão são partes do plano de Deus para as nossas vidas.

Alfred Poirier, em seu livro O Pastor Pacificador diz o seguinte:

“O perdão não pode ser gerado em uma sala de aula ou no consultório do terapeuta, por meio de mera sabedoria humana, técnica ou esforço. É algo sobrenatural, algo milagroso. O perdão é dom e obra divina. É PARTE DA RESTAURAÇÃO DO COSMOS PELO MESSIAS”.  (Pg. 147).

II – O PERDÃO DIANTE DO PECADO E DA CULPA.

A questão do pecado e da culpa e consequentemente do perdão, precisam ser interpretados a luz do Velho Testamento:

“15 Se alguém cometer uma transgressão, e pecar por ignorância nas coisas sagradas do Senhor, então trará ao Senhor, como a sua oferta pela culpa, um carneiro sem defeito, do rebanho, conforme a tua avaliação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para oferta pela culpa.
16 Assim fará restituição pelo pecado que houver cometido na coisa sagrada, e ainda lhe acrescentará a quinta parte, e a dará ao sacerdote; e com o carneiro da oferta pela culpa, o sacerdote fará expiação por ele, e ele será perdoado”.   (Levítico 5.15,16)

24 será que, quando se fizer alguma coisa sem querer, e isso for encoberto aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho para holocausto em cheiro suave ao Senhor, juntamente com a oferta de cereais do mesmo e a sua oferta de libação, segundo a ordenança, e um bode como sacrifício pelo pecado.
25 E o sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e eles serão perdoados; porquanto foi erro, e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao Senhor, e o seu sacrifício pelo pecado perante o Senhor, por causa do seu erro.   (Números 15. 24-25)

O Pecado é sempre pecado aos olhos de Deus. Quer tenhamos consciência dele ou não, pecado é sempre pecado.
PECADOS COMETIDOS POR IGNORÂNCIA PRECISAM DE EXPIAÇÃO TANTO QUANTO PECADOS CONSCIENTES.

A. W. Pink, em seu Livro “Brados do Salvador na Cruz” diz que:

“Deus é Santo, e Ele não rebaixará seu padrão de justiça ao nível da nossa ignorância. Ignorância não é inocência…Nós não temos desculpas pela nossa ignorância”.  (pg.19).

Cada um de nós é Indesculpável diante de Deus.
“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça,
pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou.
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis”.  (Romanos 1:18-20).

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam”. (Atos 17.30).

Compreenda que é o alto padrão de Deus através de uma expiação suficiente e infinita que nos limpa de todo o pecado: “...O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado”. (1 João 1.7).

III – PERDÃO: ENSINO DE FORMA PRÁTICA PELO EXEMPLO DO AMOR.

“Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem”. (Mateus 5.44).

Cristo praticou o que Ele pregou. Foi sobre a Cruz que Cristo exemplificou com sua vida o que havia ensinado no sermão do monte.
Veja que não há uma orientação direta de Jesus pedindo para que seus discípulos perdoassem seus inimigos, e sim, de que amassem os inimigos e pelos perseguidores orassem.

A escritura ensina que sob todas as circunstâncias devemos perdoar sempre?

Respondo enfaticamente: Não! A Escritura não ensina isso.

“Tomem cuidado. "Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe.
Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: ‘Estou arrependido’, perdoe-lhe". Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé! "  (Lucas 17.3-5).

Aquele que realizou uma ofensa, cometeu pecado, precisa se arrepender. O ofensor precisa julgar a si mesmo por seu erro, dar evidências de sua tristeza por causa do erro. E se ele não se arrepender? Sou orientado a orar por ele e amá-lo, sem, contudo, oferecer o meu aval para que continue no seu pecado sem que haja por parte dele arrependimento.

Que ninguém confunda o que dizemos aqui. Mesmo que um ofensor não se arrependa, todavia não devo abrigar sentimentos ruins contra ele. Não devemos incentivar ódio ou malícia. Isso também não significa, que eu trate o ofensor como se ele não tivesse cometido nenhum erro. Isso é fechar os olhos ao pecado, e não abrir a possibilidade de haver justiça ou justificação. “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o”. Isso fará sobressair a justiça.

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche dirigiu críticas mordazes contra as virtudes cristãs, particularmente contra o perdão. Ele acusou os cristãos de difundir uma mentira por chamar fraqueza de “virtude” e a submissão servil de “humildade”, e por chamar a raiva reprimida ou o apaziguamento covarde pelo nome de “perdão”.(1)

Deus alguma vez disse na escritura perdoaria alguém em quem não houvesse arrependimento? Não! A Escritura não diz que Deus perdoa alguém que não se arrependeu.

“Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça.
Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós”. (1 João 1.8-10).

Por isso o exemplo de Jesus tem grande valor: Jesus orou por seus inimigos.
“...Pai, perdoa-lhes, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM”. (Lucas 23.34)

Após a oração de Jesus, tempos depois Pedro disse sobre os que estavam presentes no dia de Pentecoste:

“E agora, irmãos, EU SEI QUE O FIZESTES POR IGNORÂNCIA, como também os vossos príncipes...que o Cristo havia de padecer”.  (Atos 3.17,18)

A ignorância deles, não os isentou do seu arrependimento. Deus insistiu no arrependimento de cada um deles.

“ARREPENDAM-SE, POIS, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados,
para que venham tempos de descanso da parte do Senhor, e ele mande o Cristo, o qual lhes foi designado, Jesus”.  (Atos 3. 19,20).

“No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam”. (Atos 17.30).

Se um ofensor não se arrependeu, faça como Jesus, ore por Ele, e peça para que o Espírito Santo o convença do pecado, da justiça e do Juízo. (João 16.8)

IV – PERDÃO: NECESSIDADE PRIMÁRIA DO HOMEM

A lição mais importante a aprender é que somos pecadores, e que como tais, somos inaptos para a presença de um Deus Santo.

Se a questão do pecado não for resolvida, nada adianta, ideais nobres, boas resoluções, regras excelentes. É de nenhum proveito tentar desenvolver um belo caráter para buscar aprovação de Deus, sem ter praticado o arrependimento para o perdão dos pecados.

De nada servirão sapatos, se não temos pés. De nada servem óculos, para olhos que não podem ver.

A questão do perdão dos meus pecados é fundamental.

Posso ser respeitado em meus negócios, ou mesmo pelo círculo de amigos, se ainda sou um transgressor não arrependido diante de Deus isso de nada me adianta.

Jesus quando tratou desta questão com os fariseus disse o seguinte:

“E ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação’. (Lucas 16.15).

João Calvino, em sua obra “A Instituição da Religião Cristã” faz um comentário interessante sobre esse texto:

“Quando Cristo reprova os fariseus por se justificarem a si mesmos (Lc 16.15), não quer dizer que eles adquiriam justiça agindo retamente, mas que, com ambição, procuravam ser reconhecidos por uma justiça de que estavam vazios”. (p.194).

O caminho para Deus nunca será a auto justificação, ou mesmo uma justificação por méritos ou comportamento, o caminho para Deus é o arrependimento para perdão dos pecados. Essa é a justiça de Deus.

A questão aqui é ter a certeza: os meus pecados foram ou não expurgados pelo sangue de Cristo?

Para saber se seus pecados, foram ou não expurgados, você precisa ter a convicção de que já se arrependeu deles. Se você já se arrependeu deles e já os confessou na Cruz de Cristo, lembre-se que esses pecados, não devem estar mais em você.

“...porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo”. (2 Pedro 2.19).

Um homem que está na prática do adultério, só se arrepende do Adultério, quando decide não viver mais nele.

Um homem que está na imoralidade sexual, só se arrependeu dela, quando de fato decidiu não ser mais um escravo dela.

Isso sim é arrependimento, isso sim é Alcançar o Perdão de Deus.

QUER SER PERDOADO?
Arrependa-se. Dê meia volta nesta direção errada que você está, e siga na direção da Cruz de Cristo.
Quer ser perdoado?
Creia no Evangelho. “ Dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho. ”. (Marcos 1.15)


Como podemos obter o perdão para os nossos pecados?
Qual é o fundamento pelo qual um Deus Santo perdoará os pecados?
Há uma diferença entre perdão humano e perdão divino.

Em regra geral, o perdão humano é uma questão de complacência, frequentemente de frouxidão. Queremos dizer que o perdão é mostrado à custa da justiça e da retidão. Na corte humana da lei, o juiz tem de escolher entre situações: Justiça ou Misericórdia.

- Quando se prova que alguém no banco dos réus é culpado, o juiz deve aplicar a penalidade da lei – uma é a justiça, a outra é misericórdia. Podendo a corte humana, por sua natureza decadente ainda cometer uma outra injustiça.

A única forma possível na qual o juiz pode tanto aplicar os requerimentos da lei e ainda mostrar misericórdia ao ofensor é uma terceira parte oferecer sofrer em sua pessoa A PENALIDADE que o condenado merece.

Assim aconteceu no conselho divino. Deus não exerceria misericórdia à custa da justiça. Ele, como o Juiz de toda terra, não colocaria de lado as demandas de sua santa lei. Todavia, Deus mostraria misericórdia. Como? Por intermédio de um que satisfaria plenamente sua lei violada. Por intermédio do seu próprio filho, tomando o lugar de todos aqueles que creem nele, carregando os seus pecados naquela cruz.

Deus pode ser justo e ao mesmo tempo misericordioso, misericordioso e justo. Foi assim que a graça reinou pela justiça.

“Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor”. (Romanos 5.21).

Um fundamento justo tinha sido fornecido sobre o qual Deus poderia ser justo e ainda justificador de todo aquele que crê. 

“Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. (Romanos 3.26)

“E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos,
E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão (PERDÃO) dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. ”.  (Lucas 24:46,47).

“Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê”. (Atos 13:38,39).

Há oração de Jesus, não é uma oração vazia de essência e conteúdo, Não é mesmo!

A oração de Jesus é revestida de poder e de sentido: “ Pai perdoa-lhes”.

Sua oração é revestida do seu sangue derramado, do seu sacrifício expiatório: “...sem derramamento de sangue não há remissão (Perdão) ”. (Hebreus 9:22)

Quando Cristo pediu perdão para os seus inimigos, ele providenciou o atendimento de uma necessidade primária deles.

Graças a oração e ação (o sacrifício) de Jesus, nós temos:
“...a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”, (Colossenses 1.14).

V – PERDÃO: O TRIUNFO DO AMOR REDENTOR.

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

“Pai perdoa-lhes”. Esse foi o triunfo do amor redentor.
“O amor é sofredor, é benigno... tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”.  (1 Coríntios 13:4 e 7).

Quando Sansão viu chegar a hora de sua morte, ele usou uma última vez sua grande força para fazer justiça contra seus antagonistas.

Quando o Senhor Jesus viu chegar a hora de sua morte, ele usou a grande força de seu amor decidindo buscar o perdão para os seus inimigos.
Graça sem igual!

Na raça humana, a morte quase sempre espelha a nossa humanidade caída.

Vejam Estevão:
“E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, RECEBE O MEU ESPÍRITO.
E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, NÃO LHES IMPUTES ESTE PECADO. E, tendo dito isto, adormeceu”. (Atos 7.59,60).
O primeiro pensamento de Estevão:
- Orou por si mesmo – “Recebe o meu espírito”.
-Depois, num segundo plano:
- Orou pelos seus inimigos – “Não lhes imputes este pecado”.

Vejam a morte de Jesus na Cruz do Calvário:
O primeiro pensamento:
- “Pai Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Pensou primeiro nos seus inimigos.
No último plano, após pronunciar seis outras expressões:
- Orou por si mesmo: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou”. (Lucas 23.46).

Graça sem igual é graça concedida por Jesus.

Continuando, O QUE PODERIA TORNAR A PODEROSA E MISERICORDIOSA ORAÇÃO DE JESUS UMA ORAÇÃO TERRÍVEL?

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque NÃO SABEM O QUE FAZEM”. (Lucas 23.34)

Aqueles que crucificaram Jesus não sabiam o que estavam fazendo.
Quantos, porém, hoje estão conscientemente negando a Jesus.  Fiquem avisados, estes tais, que estão em grande perigo. Se conscientemente damos as costas a Jesus, o único que nos pode salvar, nosso destino já está escrito:

“Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, Mas uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”.  (Hebreus 10:26,27).

O conhecimento da verdade deve ser interpretado, como o estágio exato em que, já nos foi anunciado a Cristo e sua obra de expiação por nós, nossa confrontação para arrependimento já aconteceu, e no momento em que decidimos praticar nossas ações temos luz e discernimento para não cometer tal pecado, contudo, decidimos de forma deliberada e consciente pelo pecado e de forma voluntária fazemos a opção pela permanência nele”. 

Traduzindo: Conscientemente a pessoa decidiu por dar as costas a Jesus, recusando praticar o arrependimento dos pecados que lhe poderia abrir a porta para a Salvação.  Para tal ser uma coisa é certa: “uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo, que há de devorar os adversários”.

Compreendamos, uma vez por todas, como funciona a inteireza do perdão divino:

“...entrou UMA VEZ no santuário, havendo efetuado uma ETERNA redenção”. (Hebreus 9:12).

Quantos ainda ficam intranquilos e perturbados, pois entendem que os pecados que cometeram antes de receberem a Cristo foram perdoados, mas amiúde não estão livres de dúvidas a respeito dos pecados que cometem após terem nascido de novo.

Alguns acreditam que podem pecar de uma forma que os coloque além do perdão de Deus, Pensam que o sangue de Jesus trata apenas do seu passado. Acreditam, que do presente e do futuro eles precisam cuidar por si mesmos.

Pessoas assim estão em constante conflito, pois não conseguem entender o que significa o Perdão concedido por um Deus Eterno.

Agostinho, em suas ‘Confissões” retrata com grande clareza o seu desejo por compreender essa redenção eterna:

“De que modo ensinais as coisas futuras, ó Senhor, para quem não há futuro? Ou antes, de que modo ensinais algumas coisas presentes acerca do futuro? Pois o que não existe também não pode, evidentemente, ser ensinado! Este modo misterioso está demasiado acima da minha inteligência. Supera as minhas forças. Por mim não poderei atingi-lo. Porém, o poderei por Vós, quando me concederdes, ó doce luz dos ocultos olhos da minha alma”. (Pg. 301)

Se o perdão que temos não é eterno, que valor ele tem então? Se o perdão não é para o presente, passado e futuro, de que nos serve então?

MAS DE QUE VALOR SERIA UM PERDÃO QUE PODE SER TIRADO DE MIM A QUALQUER MOMENTO? 

Qualquer ignorante perceberia que tal atitude seria tudo, menos Perdão.
Certamente não pode haver nenhuma paz estabelecida quando minha aceitação para com Deus e a minha ida ao céu são feitas dependentes do meu agarrar-se a Cristo, ou da minha obediência e fidelidade. É exatamente nesses quesitos que já falhamos, e justificadamente por causa disso, Cristo veio para ser sacrificado.

Bendito seja Deus, que com seu perdão cobre nossos pecados – no passado – no presente e no futuro.

No dia em que Cristo morreu por mim na cruz (passado), meus pecados não eram pecados ainda por vir? (Futuro). Sim, Cristo, no passado, morreu por meus pecados futuros, que no meu caso, já ficaram no passado. Quando Jesus morreu por mim, eu ainda não havia nascido, sequer havia cometido pecado algum.  Cristo levou os pecados – “presentes”, “passados” – e “futuros”.

Os cristãos são bem-aventurados, são um povo perdoado: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não IMPUTA o pecado. (Romanos 4:8).

Se o crente está em Cristo, ali no lugar onde ele está, em Cristo, o pecado nunca será imputado novamente. Se eu estou em Cristo, estou eternamente e complemente perdoado.

“E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, (DEUS) vos vivificou juntamente com ele (CRISTO), perdoando-vos todas as ofensas, Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”. (Colossenses 2.13,14).

Minha união com Cristo está conectada com o meu perdão divino. São irretratáveis e inseparáveis.

Minha vida está “escondida em Cristo”.
“... e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”.(Colossenses 3:3).

É por isso que eu estou para sempre fora do lugar da IMPUTAÇÃO do pecado, onde as penas da lei pesavam contra mim. Deus me tirou desse lugar de imputação e me escondeu em Cristo. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. (Romanos 8:1).

Nenhum pecado, nem ninguém, poderá mais levantar acusação contra os escolhidos e eleitos em Deus:
“Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, E TAMBÉM INTERCEDE POR NÓS. (Romanos 8:33,34).

Jesus Cristo ainda hoje intercede por nós. Sua prece é buscando nosso perdão divino. Sua vida e morte foi para que alcançássemos o pleno arrependimento.

É com este perdão que Cristo nos perdoou, e não com sacrifícios feitos por mãos de homens.

REFERÊNCIAS.

(1) - (Friedrich Nietzche, Ecce Homo. Trad. Walter Kaufmann, New York: Vintage Books, 1989.). (Citado em POIRIER, Alfred. O Pastor Pacificador, Pg. 140. Alfred Poirier). [Ecce homo é uma das obras mais controversas de Nietzsche, publicada em meio ao agravamento de sua doença e transtorno mental].

PINK, Arthur Walkington. Os Sete Brados do Salvador na Cruz. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva. 1ª Ed. São Paulo: Arte Editorial, 2009.

POIRIER, Alfred. O Pastor Pacificador. Um Guia Bíblico para a Solução de Conflitos na Igreja. Trad. Marisa K.A. de Siqueira Lopes. São Paulo: Vida Nova, 2011.

CALVINO, João. A Instituição da Religião Cristã. TOMO II – Livros III e IV. Trad. Elaine C. Sartorelli e Omayr J. de Moraes Jr. São Paulo: Unesp, 2009.

AGOSTINHO, Santo, Bispo de Hipona. Confissões. Trad. J. Oliveira e Ambrósio de Pina. 26. Ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Parte II. Livro XI O homem e o tempo.

*Obviamente que pretendemos considerar aqui o Perdão no seu aspecto Judicial (Justiça de Deus), no aspecto das penas capitais do pecado e da salvação eterna.

Por outro lado, não ignoremos aqui o perdão, em seu outro aspecto, no seu aspecto restaurador (diante das fraquezas humanas), onde procuramos receber de volta, novamente à COMUNHÃO, um crente que pecou e que anda longe da comunhão com o seu Senhor. “...abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns...”. (Hebreus 10:25).

“Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia”.  (1 Coríntios 10.12)

Creia, que um pecado seu, num futuro não tão distante, pode leva-lo para longe da comunhão com os irmãos:

“Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, TEMOS COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. (1 João 1:7).

A comunhão com os irmãos está diretamente condicionada a andar na Luz, e essa comunhão certamente será quebrada quando nos deixarmos enganar e engodar pelos nossos pecados.
 “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”.  (8)

O ter de volta a comunhão, e o estar de volta a comunhão, somente será possível, pelo arrependimento também destes pecados (perdão restaurador): “ Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.

A comunhão de uns com os outros, poderá ser restabelecida. Esse é o poderoso aspecto do perdão restaurador.

Se, contudo, alguém sair da comunhão e nunca mais voltar: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos”. (1 João 2.19).












A PALAVRA DE AFEIÇÃO


A PALAVRA DE AFEIÇÃO.

A propósito do dia das Mães.
Texto:

25 E JUNTO À CRUZ DE JESUS ESTAVA SUA MÃE, e a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas, e Maria Madalena.

26 Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.

27 Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.  (João 19. 25-27)


INTRODUÇÃO

No nosso sermão de hoje, estou utilizando como base de nossa argumentação o livro: Os Sete Brados do Salvador na Cruz. A. W. Pink.

Na introdução deste livro, seu ator Arthur W. Pink afirma o seguinte:

“A MORTE DO SENHOR JESUS CRISTO, é um assunto de interesse inexaurível para todos os que estudam em oração a Escritura da verdade”.  (Pg. 07).


SÃO SETE OS BRADOS DO SALVADOR NA CRUZ:

1ª - PALAVRA DE PERDÃO: “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

2ª- PALAVRA DE SALVAÇÃO: “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”. (Lucas 23. 42-43)

3ª- PALAVRA DE AFEIÇÃO: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho”.  (João 19:25-26).

4ª - PALAVRA DE ANGÚSTIA: “E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. (Mateus 27:46).

5ª- PALAVRA DE SOFRIMENTO: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede”. (João 19:28)

A 6ª - A PALAVRA DE VITÓRIA: “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado”. (João 19:30).

7ª - A PALAVRA DE CONTENTAMENTO: “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou”. (Lucas 23.46).

A Propósito do dia das Mães, gostaríamos de dedicar nossa atenção a Mãe de Jesus e a sua presença junto a Cruz de Cristo. Em nossa análise nos dedicaremos a TERCEIRA das 7 palavras da Cruz.

3ª- PALAVRA DE AFEIÇÃO: “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho”.  (João 19:25-26).

Note que o Evangelista João faz questão de registrar: “E junto à cruz de Jesus estava a sua mãe”. (João 19.25).

Exatamente como seu filho, Maria também estava familiarizada com o sofrimento. Por ser uma pessoa com um chamado especial para servir a Deus, Maria esteve grandemente exposta a vida sofrimento.

“E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, TURBOU-SE MUITO com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta”.  (Lucas 1:28,29).

Esse foi o anúncio do nascimento de Jesus e o prenúncio de muitas perturbações na vida de Maria.

O anjo Gabriel veio anunciar o fato da concepção milagrosa, e não foi coisa fácil e simples para Maria tornar-se mãe.

A gravidez, o período de gestação e o exercício da maternidade são realmente desafiadores. Há desafios imensos, que se fazem presentes na criação dos filhos. Tornar-se mãe é por demais desafiador: “Sair da completa liberdade para a completa responsabilidade sobre outro ser humano é incomensurável”. (1)

Esse privilégio, de conceber pelo Espírito de Deus, trouxe mais tarde, grande honra, mas também grande perigo para a reputação de Maria e não pouca prova para a sua fé em Deus.

Com resignação amorosa Maria responde ao chamado do Senhor:

“Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. (Lucas 1:38).

É extremamente fácil perceber aflição e sofrimento na vida desta mulher e mãe:

- QUE LUTA! Sua concepção do Espírito Santo e início de gravidez acontecem antes da concretização do seu casamento.

“...José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que NELA ESTÁ GERADO é do Espírito Santo”. (Mateus 1.20).

- QUE SITUAÇÃO! Seu Noivo, preocupado com a “difamação” intentou deixá-la sozinha com sua gravidez.

“Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente”. (Mateus 1.19).

Hoje, em nossa atualidade, sabemos que tais preocupações estão perdendo o seu valor. Em seu Livro: “Modernidade Líquida” - Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, faz uma análise deste tempo e o caracteriza como uma modernidade fluída e não mais sólida:

“O romance secular da nação com o Estado está chegando ao fim; não exatamente um divórcio, mas um arranjo de “viver juntos” está substituindo a consagrada união conjugal fundada na lealdade incondicional. Os parceiros estão agora livres para procurar e entrar em outras alianças; sua parceria não é mais o padrão obrigatório de uma conduta própria e aceitável”. (2)

- QUANTA DIFICULDADE! Não havia um lugar seguro e tranquilo para a realização do seu parto

“E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.

E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem”. (Lucas 2.6,7).

-  QUANTO PAVOR! Quando soube que o Rei Herodes queria Matar o seu filho.

“E, tendo eles se retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José num sonho, dizendo: Levanta-te, e toma o menino E SUA MÃE, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu te diga; porque Herodes há de procurar O MENINO PARA O MATAR”.  (Mateus 2.13).

- QUANTA INSTABILIDADE! Quando deixa sua vida e sua família para trás, para fugir para outro País.

“E, levantando-se ele, tomou o menino e SUA MÃE, de noite, e foi para o Egito”.  (Mateus 2:14).

Podemos ver o “retrato” do seu sofrimento nos versos:

“Então Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito, e mandou matar todos os meninos que havia em Belém, e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.

Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias, que diz:

Em Ramá se ouviu uma voz, LAMENTAÇÃO, CHORO E GRANDE PRANTO: Raquel chorando os seus filhos, E não quer ser consolada, porque já não existem”.  (Mateus 2:16-18).

- QUANTA MALDADE! O auge do seu sofrimento, com a traição, a prisão, o espancamento e a crucificação do seu filho.

O que podemos aprender com o tamanho sofrimento dessa Mãe?


I - A MÃE IMPERFEITA NOS ENSINA PELO SEU EXEMPLO COMO SE DEVE AMAR UM FILHO.

“E JUNTO À CRUZ DE JESUS ESTAVA SUA MÃE”. (João 19.25).

Nada aqui foi não previsto ou mesmo, não permitido por Deus. Nada nessa história escapou a soberania de Deus.

“E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado. (E UMA ESPADA TRASPASSARÁ TAMBÉM A TUA PRÓPRIA ALMA); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações”. (Lucas 2:34,35).

Maria é reconhecidamente uma mulher com a alma traspassada por uma espada.

O MAIOR DE TODOS OS PRIVILÉGIOS, TROUXE CONSIGO A MAIOR DE TODAS AS TRISTEZAS.

Após os dias de sua infância e adolescência, e durante todo o ministério público de Cristo, vemos e ouvimos pouco de Maria. Sua vida foi vivida em um silencioso “anonimato”.

Contudo, quando seu filho está na Cruz agonizante, ela reaparece ao seu lado, e permanece ali junto a Cruz. Naquele dia lembrou-se da felicidade tal como nunca houve em um nascimento humano, e experimentou tristeza tal como nunca diante de uma morte cruel e desumana.  É aqui que consigo ver o coração de uma verdadeira mãe.

Aquele que agonizava até a morte na cruz era seu filho. Ela foi a primeira a beijar aquela testa, agora coroada com espinhos. Ela foi a primeira a guiar aquelas lindas mãozinhas e os seus lindos pés nos momentos de seus primeiros passos. Agora vê ali na sua frente a perfuração com cravos enormes daquelas mãos e pés.

Pense comigo no que se passa no profundo do coração dessa mãe em relação ao sofrimento do seu filho:

- Seus discípulos podem desertá-lo

- Seus amigos podem esquecê-lo

- Sua nação pode desprezá-lo.

Ela, no entanto, desejou que seu filho soubesse: SUA MÃE ESTÁ ALI AO SEU LADO: “E JUNTO À CRUZ DE JESUS ESTAVA SUA MÃE”. (João 19.25).

Estava ali, sofrendo silenciosa em vigoroso silêncio. Contudo estava firme ao lado do seu filho.

Seria perfeitamente aceitável se ela se afastasse de tal espetáculo! Mas não! Ela ficou ali. Sua ação e atitudes são singulares. De uma coragem transcendente.

Simplesmente um poderoso e fiel exemplo de como uma mãe deve amar seu filho. É digno de ser imitado.

Que outras lições encontramos?


II - O HOMEM PERFEITO NOS ENSINA PELO SEU EXEMPLO A HONRAR OS PAIS.

“26 Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. 27 Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe”. (João 19. 26-27)
Jesus é um filho exemplar, no trato com sua mãe e no cumprimento dos seus deveres para com seu Pai Celestial.
Nesse exemplo o Senhor Jesus deseja que todos os filhos o imitem, no seu comportamento para com seus pais de acordo com as leis naturais, presentes nas relações entre pais e filhos e na manifestação da graça, presente na relação que temos como filhos de Deus.
Lembre-se que as palavras que o dedo divino gravou nas duas tábuas de pedra, e que foram dadas a Moisés no monte Sinai, nunca foram anuladas. Elas estarão em vigor enquanto essa terra aqui perdurar.

Veja que Êxodo 20.12: (O Provável Quinto Mandamento).

12 “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.”

É reiterado em Efésios 6. 1-3:

1 Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.

2 Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa;

3 Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.

O mandamento para os filhos honrarem os seus pais vai muito além de uma obediência a essa vontade expressa, embora certamente inclua essa vontade. Esse mandamento envolve amor e afeição, gratidão e respeito.

Quase sempre achamos que esse mandamento é dirigido aos filhos jovens, que ainda vivem sob o mesmo teto que seus pais.

A Palavra HONRA é muito mais do que simples OBEDIÊNCIA.

Filhos adultos, mesmo os que já deixaram o teto de seus pais, têm com seus pais um débito que eles nunca podem se desobrigar. O mínimo de retribuição é tratá-los e considerá-los em alta estima, reverenciá-los.

No exemplo perfeito de Cristo temos as duas coisas: Obediência e Estima.

Na Infância, durante seus primeiros anos, o menino Jesus estava sob o controle de seus Pais.

“42 E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.

43 E, regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e não o soube José, nem sua mãe.

44 Pensando, porém, eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia, e procuravam-no entre os parentes e conhecidos;

45 E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca dele.

46 E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.

47 E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.

48 E quando o viram, maravilharam-se, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.

49 E ele lhes disse: Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?”.  (Lucas 2:42-49).

Certamente a expressão “ansiosos te procurávamos” mostra o quanto aflito estava o casal ao procurar o menino que certamente poucas vezes deve ter estado fora da esfera imediata da influência e dependência deles.

A resposta de Jesus a seus Pais, apesar de pouco entendida e não raras vezes incompreendida, precisa aqui ser interpretada por nós: “Não sabeis que me convém...”.

Concordamos com o Dr Campbel Morgan de que Cristo não respondeu “indevidamente” seus pais aqui. Nossa interpretação do texto fica assim: “Mãe, certamente você me conhece suficientemente bem para saber que nada pode me deter, senão os negócios do meu Pai”. 

Fica ainda mais clara a sujeição desse menino aos seus pais, quando o evangelista Lucas assim registra:

“51 E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu coração todas estas coisas”. (Lucas 2.51).

A influência dos pais na vida de Jesus, é facilmente percebida neste texto. “A criação de filhos requer vários tipos de intervenção. A criação dos filhos não se limita ao momento presente. Preparamos nossos filhos para o futuro. O caráter de uma pessoa é fator determinante para o seu destino”. (3).

Ainda que os anos de obediência direta, estivessem “interrompidos” pela ausência do lar, por sabermos que Jesus seguiu para um ministério de 3 anos longe de seus Pais, O Senhor Jesus sabia, que os anos de “honra” não haviam terminado. Na verdade nesta vida eles nunca se encerram.

Nas últimas e mais terríveis horas de sua vida, o Senhor Jesus se dedicou aquela que o amava e o amou como ninguém. A honra que Jesus deu a sua mãe foi uma manifestação clara de sua vitória contra o pecado.

Olhando o exemplo de Jesus pergunto: Como você está tratando seus pais? Tem os tratado com honra?

“Ouve teu pai, que te gerou, e não desprezes tua mãe, quando vier a envelhecer”. (Provérbios 23.22).  

Temos no mandamento de Deus uma obrigação sagrada: “Honra Teu Pai e a Tua Mãe”.


III - COM JESUS CRISTO E SUA MÃE APRENDEMOS SOBRE A PRUDÊNCIA.

O ato de Cristo encomendar Maria às mãos de seu discípulo, foi uma expressão de seu terno amor e presciência. Para João, cuidar da mãe do Salvador era uma abençoada comissão. Disse Jesus: “João! Minha mãe seja para você como sua própria mãe”.

A prudência evidenciada por Jesus, tem origem profética:
13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime”. (Isaías 52.13).

Foi sábia a percepção de Jesus, ao ver que Deus havia providenciado aquele que seria o guardião de sua mãe. Foi para isso que João estava lá.

Acredito que ninguém compreendeu mais Jesus do que a sua própria mãe. E creio também, que ninguém mais entendeu sobre o amor de Jesus, do que João o discípulo amado.
Que bela companhia deve ter sido João para Maria a mãe de Jesus. Lembre-se que João será o escolhido por Deus para receber do seu Santo Espírito as visões do Apocalipse. É certo que você consegue imaginar, como o tempo que João passou cuidando de Maria, influenciaram sua visão a respeito da vida e da pessoa de Jesus.
Que outras lições retiramos da terceira palavra da cruz?


IV - APRENDEMOS COM JESUS E SUA MÃE, QUE RESPONSABILIDADES ESPIRITUAIS NÃO DEVEM NOS FAZER IGNORAR NOSSAS RESPONSABILIDADES NATURAIS.

As responsabilidades de um filho:

Jesus poderia simplesmente ter dito: Mãe! Me perdoe, volte depois, estou ocupado demais salvando o mundo.

O Senhor Jesus está morrendo como Salvador de toda humanidade. Totalmente comprometido com a mais estupenda incumbência. Com uma tarefa de enorme magnitude espiritual para concluir. E ainda assim, Ele, O Cristo, jamais deixou ou mesmo abandonou suas obrigações naturais de um filho que amava verdadeiramente a sua mãe.

Nenhuma obra, nenhuma obrigação, por mais importante que seja, pode ou deve servir de escusa para deixarmos de lado nossas obrigações de natureza, de cuidar daqueles a quem o Senhor nos confiou para cuidar.

As responsabilidades dos pais:

O ato de nosso Senhor na cruz, encomendando sua mãe aos cuidados do apóstolo, é bem mais entendido à luz da viuvez de sua mãe (4). Assim temos claramente explicada a ausência de José na cena da crucificação. Quantos pais ainda vivos, estão ausentes na vida de seus filhos.

A ausência da figura paterna no lar, devido ao trabalho intenso e tantas outras ocupações, é uma dura e cruel realidade. “Muitos pais perdem seus filhos correndo atrás de outras aspirações”. (5) Acabam por decidir cuidar dos outros e não cuidar da própria família. (5).
Para não se esquecer: Nenhuma obra, nenhuma obrigação, por mais importante que seja, pode ou deve servir de escusa para deixarmos de lado nossas obrigações naturais.


V - COM ESSA GRANDE MÃE, APRENDEMOS MUITO SOBRE UMA NECESSIDADE QUE É IMPOSTA A TODOS NÓS.

TODOS PRECISAM DE SALVAÇÃO!

Como a Maria no texto Sagrado da Bíblia é diferente das “Marias” inventadas pela religião.

Na Bíblia Sagrada, Maria não é uma Madona altiva e poderosa. Antes é Maria, um membro da raça caída como cada um de nós. Uma pecadora tanto por natureza humana, quanto por atos e práticas.

Maria, assim mesmo se identificou e apresentou:

“46 Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,

47 E o meu espírito se alegra em Deus meu SALVADOR”. (Lucas 1.46,47).

É no dia da morte de seu filho, que ela descobre a verdadeira alegria de ter um SALVADOR.  Ela sabe com certeza que a oração de Izabel, enquanto cheia do Espírito de Deus afirmava: “Bendita és tu entre as mulheres”.  (Lucas 1:42). Ou seja, “entre” as mulheres, nem abaixo, nem acima delas.

Maria, se prostra diante da Cruz como um membro de nossa raça caída, uma pecadora que reconhecidamente sabe que precisava de um Salvador.

“E o meu espírito se alegra em Deus meu SALVADOR”. (Lucas 1.47).

Está resumida nesta simples palavra, a expressa necessidade de todo o descendente de Adão. Voltar os olhos do mundo para fora do eu, e olhar por fé para o SALVADOR que morreu na cruz por nós os pecadores.

Na cruz estava o divino caminho para a Salvação:

- Nossa Libertação da Ira Vindoura

-  O Perdão para os nossos Pecados

- A Nossa Aceitação por Parte de Deus

Tudo isso alcançado não por feito meritório, não por obras, não por ordenanças religiosas. A Salvação está ali diante dela. O Salvador está ali diante dos seus olhos: “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. (João 1.29).

Como não se alegrar? Essa foi a grande alegria da vida de Maria:

“E o meu espírito se ALEGRA em Deus MEU SALVADOR”. (Lucas 1.47).

Maria olhou para o SALVADOR na cruz, com a mesma fé que os Israelitas “olharam” para aquela serpente levantada no deserto.

14 E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;

15 Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3.14-16).

CONCLUSÃO

Foi por isso que Deus permitiu, que uma mãe tão especial, estivesse junto da cruz do calvário, quando seu filho estava sendo crucificado.

E junto à cruz de Jesus estava a sua mãe”. (João 19.25).

Estava junto a cruz nos ensinando pelo seu exemplo como se deve amar um filho.

Estava junto a cruz, para ver que mesmo do alto dela, o seu filho, nos ensina pelo seu exemplo a honrar os pais.

Junto a cruz, aprendemos com Jesus Cristo e sua mãe sobre a prudência.

Junto a cruz, aprendemos com Jesus e sua mãe, que responsabilidades espirituais não devem nos fazer ignorar nossas responsabilidades naturais.

Junto a cruz, com essa grande mãe, aprendemos muito sobre uma necessidade que é imposta a todos nós. Precisamos de salvação. Todos nós precisamos reconhecer o sacrifício do Salvador Jesus.

E junto à cruz de Jesus estava a sua mãe. Foi sim à primeira vista, a sua maior dor e tristeza. Foi também, sem sombra de dúvida, o fim de toda a sua dor e miséria.

Alegrou-se DEFINITIVAMENTE em Deus pela Morte e pela Vida do seu SALVADOR.

“E o meu espírito se ALEGRA em Deus MEU SALVADOR”. (Lucas 1.47).


Referência:

Resumido e adaptado do Livro: PINK, Arthur Walkington. OS SETE BRADOS DO SALVADOR NA CRUZ. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva. 1ª Ed. São Paulo: Arte Editorial, 2009. Págs. 55-71. Originalmente publicado em inglês com o título: The Seven Sayings  of the Saviour on the Cross (1919).

Citações:

(1)     WOLK, Claudine. Vai Ficar mais fácil: e outras mentiras que contamos as mamães de primeira viagem. Trad. Marsely de Marco Matins Dantas. Ribeirão Preto: Novo Conceito, 2011. Pg.92.

(2)     BAUMAM, Zygmunt. Modernidade Líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.Pg. 231.

(3)     CLOUD, Henry. TOWNSEND, John. Limites para Ensinar os filhos. Trad. Denise Avalone. São Paulo: Vida, 2001. Pg. 18

(4)  PINK, Arthur Walkington. Os Sete Brados Do Salvador Na Cruz. Trad. Felipe Sabino de Araújo Neto e Vanderson Moura da Silva. 1ª Ed. São Paulo: Arte Editorial, 2009. Pg. 62

(5)  LOPES, Hernandes Dias. Pai, um homem de valor. São Paulo: Hagnos, 2008. Págs. 35 e 39.