DA EXCELÊNCIA PARA A DECADÊNCIA

1.    Então todo o povo tomou a Uzias, que tinha dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de Amazias seu pai.
2.    Este edificou a Elote, e a restituiu a Judá, depois que o rei dormiu com seus pais.
3.    Tinha Uzias dezesseis anos quando começou a reinar, e cinqüenta e dois anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Jecolia, de Jerusalém.
4.    E fez o que era reto aos olhos do Senhor; conforme a tudo o que fizera Amazias seu pai.
5.    Porque deu-se a buscar a Deus nos dias de Zacarias, que era entendido nas visões de Deus; e nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar.
6.    Porque saiu e guerreou contra os filisteus, e quebrou o muro de Gate, o muro de Jabne, e o muro de Asdode; e edificou cidades em Asdode, e entre os filisteus.
7.    E Deus o ajudou contra os filisteus e contra os árabes que habitavam em Gur-Baal, e contra os meunitas.
8.    E os amonitas deram presentes a Uzias; e o seu nome foi espalhado até à entrada do Egito, porque se fortificou altamente.
9.    Também Uzias edificou torres em Jerusalém, à porta da esquina, e à porta do vale, e à porta do ângulo, e as fortificou.
10.    Também edificou torres no deserto, e cavou muitos poços, porque tinha muito gado, tanto nos vales como nas campinas; tinha lavradores, e vinhateiros, nos montes e nos campos férteis; porque era amigo da agricultura.
11.    Tinha também Uzias um exército de homens destros na guerra, que saíam à guerra em tropas, segundo o número da resenha feita por mão de Jeiel, o escrivão, e Maaséias, oficial, sob a direção de Hananias, um dos capitàes do rei.
12.    O total dos chefes dos pais, homens valentes, era de dois mil e seiscentos.
13.    E debaixo das suas ordens havia um exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força belicosa, para ajudar o rei contra os inimigos.
14.    E preparou Uzias, para todo o exército, escudos, lanças, capacetes, couraças e arcos, e até fundas para atirar pedras.
15.    Também fez em Jerusalém máquinas da invenção de engenheiros, que estivessem nas torres e nos cantos, para atirarem flechas e grandes pedras; e propagou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente ajudado, até que se fortificou.
16.    Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso.
17.    Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, e com ele oitenta sacerdotes do Senhor, homens valentes.
18.    E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para queimar incenso; sai do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus.
19.    Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso.
20.    Então o sumo sacerdote Azarias olhou para ele, como também todos os sacerdotes, e eis que já estava leproso na sua testa, e apressuradamente o lançaram fora; e até ele mesmo se deu pressa a sair, visto que o Senhor o ferira.
21.    Assim ficou leproso o rei Uzias até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da casa do Senhor. E Jotão, seu filho, tinha o encargo da casa do rei, julgando o povo da terra.
22.    Quanto ao mais dos atos de Uzias, tanto os primeiros como os últimos, o profeta Isaías, filho de Amós, o escreveu.
23.    E dormiu Uzias com seus pais, e o sepultaram com eles no campo do sepulcro que era dos reis; porque disseram: Leproso é. E Jotão, seu filho, reinou em seu lugar.  (2 Crônicas 26:1-23).
Nosso texto narra a história de um governante – UZIAS. Ele foi o 10º rei de Judá e teria começado a reinar por volta de 792 a.C. Foi um Grande guerreiro, filho do Rei Amazias.

Uzias -  que, ao atingir uma excelência reconhecida nacionalmente e internacionalmente, não soube resistir aos encantos humanos e efêmeros do poder. Sua experiência é hoje um alerta para construirmos uma vida séria com Deus...

I – A EXCELÊNCIA DO GOVERNO DE UZIAS

O1. Uzias tinha respaldo popular (v. 1)

“Então TODO O POVO tomou a Uzias, que tinha dezesseis anos, e o fizeram rei em lugar de Amazias seu pai”. (2 Crônicas 26:1).

Uzias tinha contra si a idade e inexperiência, mas a seu favor tinha o apoio popular. Apesar de não serem uma unanimidade, o presidente e o governador  democraticamente eleitos hoje representam a vontade da maioria dos brasileiros e da maioria dos goianos.

02. Uzias tinha o respaldo divino (v.4 e 5)

“E fez o que era reto aos olhos do Senhor; conforme a tudo o que fizera Amazias seu pai. Porque deu-se a buscar a Deus nos dias de Zacarias, que era entendido nas visões de Deus; e nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar”. (2 Crônicas 26.4-5)

Apesar do apoio popular, o grande diferencial de Uzias estava na sua sintonia com Deus: “ele fez o que era reto perante o Senhor....” (v.4) – sua espiritualidade não era baseada em discursos mas na coerência de vida; “propôs-se buscar a Deus nos dias de Zacarias” (v. 5a) – apesar das demandas palacianas ele priorizou a intimidade com Deus; “nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar” (v. 5b) – Uzias, mesmo jovem, foi sábio o suficiente para compreender que o progresso nacional passa por uma verticalidade pessoal.

O desafio de governar é tão grande que só pode ser vencido se o governante estiver debaixo do governador de todos os governadores: Deus, rei dos céus e da terra!

II – A PLATAFORMA DO GOVERNO DE UZIAS

01. Investiu no fortalecimento das cidades (v.  2, 6b)

“Este edificou a Elote, e a restituiu a Judá, depois que o rei dormiu com seus pais”. (2 Crônicas 26.2). “Porque saiu e guerreou contra os filisteus, e quebrou o muro de Gate, o muro de Jabne, e o muro de Asdode; e edificou cidades em Asdode, e entre os filisteus”. (2 Crônicas 26.6).

Uzias, como um homem fora do seu tempo, sonhou com cidades onde só havia mato.

Governantes  desatentos à extraordinária expansão urbana do país, estão fadados ao fracasso.

02. Priorizou o investimento em segurança (v. 6-7, 11-14)

“Porque saiu e guerreou contra os filisteus, e quebrou o muro de Gate, o muro de Jabne, e o muro de Asdode; e edificou cidades em Asdode, e entre os filisteus. E Deus o ajudou contra os filisteus e contra os árabes que habitavam em Gur-Baal, e contra os meunitas”. (2 Crônicas 26.6-7).

“Tinha também Uzias um exército de homens destros na guerra, que saíam à guerra em tropas, segundo o número da resenha feita por mão de Jeiel, o escrivão, e Maaséias, oficial, sob a direção de Hananias, um dos capitães do rei.

O total dos chefes dos pais, homens valentes, era de dois mil e seiscentos.

E debaixo das suas ordens havia um exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força belicosa, para ajudar o rei contra os inimigos.

E preparou Uzias, para todo o exército, escudos, lanças, capacetes, couraças e arcos, e até fundas para atirar pedras. (2 Crônicas 26.11-14).

Uzias foi sábio na identificação e repressão dos inimigos (v. 6)...,

incluiu Deus em sua agenda de defesa nacional (v. 7), aperfeiçoou o sistema de vigilância da capital (v. 9), capacitou seu exército (v. 11, 13) e o equipou com armamentos de ponta (v. 14).

Vivendo num país com índices alarmantes de violência, que causa mais mortes do que guerras explícitas de outras nações, espera-se de nossos governantes uma estratégia série de combate à criminalidade...

03. Estabeleceu um equilíbrio sadio entre cidade e campo (v. 10)

“Também edificou torres no deserto, e cavou muitos poços, porque tinha muito gado, tanto nos vales como nas campinas; tinha lavradores, e vinhateiros, nos montes e nos campos férteis; porque era amigo da agricultura”. (2 Crônicas 26.10).

“Era amigo da agricultura” – esta descrição, por si só, evidencia a importância do campo em sua prática política. O Brasil, sendo hoje um dos maiores produtores de grãos do mundo e o maior produtor de gado, precisa avançar na direção de uma política que respeite e valorize aqueles que, certamente, são os responsáveis pela solidificação da nossa economia.

04. Cercou-se de recursos humanos diferenciados (v.10-15)

“10 Também edificou torres no deserto, e cavou muitos poços, porque tinha muito gado, tanto nos vales como nas campinas; tinha lavradores, e vinhateiros, nos montes e nos campos férteis; porque era amigo da agricultura.

11 Tinha também Uzias um exército de homens destros na guerra, que saíam à guerra em tropas, segundo o número da resenha feita por mão de Jeiel, o escrivão, e Maaséias, oficial, sob a direção de Hananias, um dos capitàes do rei.

12 O total dos chefes dos pais, homens valentes, era de dois mil e seiscentos.

13 E debaixo das suas ordens havia um exército guerreiro de trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força belicosa, para ajudar o rei contra os inimigos.

14 E preparou Uzias, para todo o exército, escudos, lanças, capacetes, couraças e arcos, e até fundas para atirar pedras.

15 Também fez em Jerusalém máquinas da invenção de engenheiros, que estivessem nas torres e nos cantos, para atirarem flechas e grandes pedras; e propagou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente ajudado, até que se fortificou”. (2 Crônicas 26.10-15).

     “Tinha lavradores e vinhateiros...” (v. 10); “tinha um exército de homens destros...” (v. 11); “o total dos cabeças... homens valentes...” (v.12); “debaixo de suas ordens havia um exército guerreiro....” (v. 13); “... homens peritos” (v. 15a)...

05. Focou a política externa (v.8, 15b)

“E os amonitas deram presentes a Uzias; e o seu nome foi espalhado até à entrada do Egito, porque se fortificou altamente”. (2 Crônicas 26.8).”... propagou a sua fama até muito longe; porque foi maravilhosamente ajudado, até que se fortificou”. (2 Crônicas 26:15).

Uzias, estabelecida a eficiência interna, levou sua nação a um lugar de destaque no contexto internacional, com resultados impactantes. Vivendo num mundo globalizado onde os muros que nos separam cada vez mais vão sendo eliminados, a valorização de sadias relações internacionais é fundamental para um crescimento equilibrado.

III – A DECADÊNCIA DO GOVERNO DE UZIAS (v. 16-23)

16 Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso.

17 Porém o sacerdote Azarias entrou após ele, e com ele oitenta sacerdotes do Senhor, homens valentes.

18 E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para queimar incenso; sai do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus.

19 Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso.

20 Então o sumo sacerdote Azarias olhou para ele, como também todos os sacerdotes, e eis que já estava leproso na sua testa, e apressuradamente o lançaram fora; e até ele mesmo se deu pressa a sair, visto que o Senhor o ferira.

21 Assim ficou leproso o rei Uzias até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa separada, porque foi excluído da casa do Senhor. E Jotão, seu filho, tinha o encargo da casa do rei, julgando o povo da terra.

22 Quanto ao mais dos atos de Uzias, tanto os primeiros como os últimos, o profeta Isaías, filho de Amós, o escreveu.

23 E dormiu Uzias com seus pais, e o sepultaram com eles no campo do sepulcro que era dos reis; porque disseram: Leproso é. E Jotão, seu filho, reinou em seu lugar.

(2 Crônicas 26.16-23).

O1. Não soube conviver com o sucesso

v. 16a“Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o Senhor seu Deus”.

Todos nós precisamos vigiar nosso coração (Pv 4:23), mas os políticos muito mais, por causa da natureza pública de suas funções: a visibilidade excessiva do governante pode levá-lo à uma falsa visão de si mesmo. O grande desafio da liderança é se o líder já aprendeu a “liderar a si mesmo”...

02. Não soube respeitar os limites que Deus traçara para sua liderança

(v. 16b “cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso”;

“Porém, não nos gloriaremos fora da medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós”.(2 Coríntios 10:13).

Uzias, tinha consciência dos limites conferidos ao rei, ao profeta e ao sacerdote. Entretanto, iludido pelo poder, usurpou suas funções reais, adentrando num terreno que era exclusividade do sacerdote.

03. Não teve humildade para admitir sua fragilidade (v. 17-19a)

“18 E resistiram ao rei Uzias, e lhe disseram: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que são consagrados para queimar incenso; sai do santuário, porque transgrediste; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus. 19 Então Uzias se indignou; e tinha o incensário na sua mão para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso”.

Errar é próprio da natureza humana, mas admitir humildemente o erro e superá-lo é somente para aqueles que estão em sintonia direta com a natureza divina. Uzias, com o passar dos anos, perdeu a intimidade com Deus e o temor de Deus. Por isso, quando o sacerdote Azarias, liderando um grupo de 80 sacerdotes, o confrontou de forma franca, direta e ousada, ao invés de admitir seu erro, indignado, reafirmou obstinadamente sua disposição de seguir loucamente confrontando o Senhor...

04. Foi acometido de uma enfermidade que inviabilizou definitivamente seu governo (v. 19a-23)

“...a lepra lhe saiu à testa perante os sacerdotes, na casa do Senhor, junto ao altar do incenso”.

Atacado pela lepra do pecado, ficou fisicamente leproso, politicamente destronado, socialmente excluído e estigmatizado, vindo a morrer recebendo apenas uma palavra: “ele é leproso” (v. 23).

CONCLUSÃO

Uzias começou bem mas terminou muito mau. Que lições  podemos  tirar para nossas vidas de sua transição da excelência para a decadência?

01. Precisamos ter consciência da missão que Deus nos concedeu para realizar

Assim com Uzias cada um de nós tem um papel específico, planejado por Deus,  para cumprir na história..

02. Precisamos realizar esta missão na força do Senhor, na sabedoria do Senhor e para a   glória do Senhor

Precisamos fazer a obra de Deus com os recursos de Deus, segundo a vontade de Deus e para a exaltação do nosso Deus!

03. Precisamos confrontar permanentemente o nosso coração

“A soberba precede a ruína e a altivez de espírito a queda” (Pv 16.18).

Por isso, devemos submeter nosso coração a um confronto constante, para que não percamos na marcha do tempo as marcas estabelecidas por Deus em nossas vidas!

O VOTO E O REINO DE DEUS

O Voto e o Reino de Deus

Comparecer às urnas de forma consciente, crítica e cidadã pode fazer a luz de Cristo brilhar na sociedade.
Por Eduardo Pedreira

Participei de uma das manifestações que inundaram as nossas cidades no ano passado. Estava na Avenida Paulista, epicentro simbólico do poder financeiro da maior metrópole latino-americana. Foi uma das noites mais marcantes da minha experiência cívica. Àquela altura, os protestos ainda não tinham sido dominados pela violência que viria a se instalar posteriormente. Recordo-me, emocionado, das muitas faces carregando a esperança de abrirmos um capítulo novo em nossa história. A variedade e a complexidade dos problemas nacionais eram tamanhas que a ausência de foco dos protestos condenava a incipiente reação popular a não chegar concretamente a qualquer mudança. Mesmo assim, olhando para trás, continuo afirmando a importância daquele momento para a trajetória deste país. A visão de como a ativa participação do povo é capaz de acuar aqueles que agem como se donos do nosso destino fossem não vai mais sair da minha memória afetiva como cidadão brasileiro. Atendi ao apelo das ruas e não me arrependi!

Este ano, outro chamado se coloca em nossa agenda. Somos convidados às urnas para, através de eleições majoritárias, escolher presidente, senadores e governadores. Numa democracia, o voto é a voz mais concreta das nossas aspirações e desilusões. Exercê-lo é um dos maiores atos de cidadania para todos em geral e, especialmente, para nós, cristãos. Infelizmente, o total descrédito que alcançou o discurso político, com suas promessas vazias, tantas vezes insultando nossa inteligência, associado aos intermináveis escândalos de corrupção, quase sempre (senão sempre) nos impõe escolher o menos pior e não o bom. Sem dúvida, neste cenário, aumenta significativamente a sedução do voto nulo ou em branco. Resisto a semelhante tentação e o faço propondo que percebamos o ato de votar na perspectiva do Reino de Deus: pois, somente assim, ele ganha um sentido mais amplo.

Mesmo um olhar pouco atento à biografia de Jesus nos revelará o Reino de Deus como o núcleo dos seus discursos, a razão dos seus milagres, o alicerce mais sólido de sua existência. Sua comida e bebida era fazer a vontade do seu Pai e ele desejou o mesmo para nós quando, na mais elementar oração, nos ensinou a pedir: "Venha o teu Reino”. Jesus pouco falou sobre a Igreja. Emerge, sim, de sua mensagem, uma interessante articulação entre Reino, mundo e Igreja. O Reino é a moldura maior, a realidade absoluta, a referência divina para tudo. O mundo é o "lugar" da manifestação concreta deste Reino. É aqui, nas tramas da história, na tessitura do cotidiano, o lugar onde o Reino vai se realizando. A Igreja não é o Reino; é apenas uma das suas mais claras traduções. Como a Lua somente brilha por ser iluminada pelo Sol, a Igreja tem no Rei­no sua razão de ser. Nunca idealizada como instituição, mas sim, como uma comunidade organizada de discípulos de Jesus vivendo o Reino de Deus, a Igreja tornar-se-ia o modelo por excelência para modelar o todo social. Seriam as relações comunitárias da Igreja de Jesus Cristo as referências para se construir um ideal de nação. Eis o porquê de Jesus ver a comunidade dos seus seguidores como o sal da terra e a luz do mundo. Se a Igreja falha em salgar e iluminar, o Reino encontra outros canais de sua manifestação.

Por sensibilidade aos seus ouvintes, Jesus usou metáforas muito simples para falar deste tópico tão central do seu ensino. Um fermento a levedar uma massa de pão; a semente de mostarda plantada e feita árvore, sobre a qual pássaros se aninhavam; o banquete promovido por um rei... A simplicidade era apenas uma arte para traduzir um mistério de difícil compreensão. O Reino, conforme revelado por Jesus, era marcadamente paradoxal: ao mesmo tempo que está dentro de nós, também nos é uma realidade externa; está em nosso coração, mas também nas es­truturas sociais e políticas que se constroem ao redor de nós. Ele já está presente agora, mas ainda não em sua manifestação plena, a realizar-se no futuro; o Reino promove a paz, mas exige a inquietação e a indignação do enfrentamento às forças contrárias ao seu estabelecimento.

Ter o Reino de Deus como baliza para o exercício cidadão do nosso voto e mesmo da nossa atuação política traz, naturalmente, imperiosas implicações. Compreendê-lo como já estando presente, aqui e agora, implica ver nosso ato de votar como um canal da concretização deste mesmo Reino. Votar bem é tão importante para este país quanto orar por ele. Saramos nossa terra das suas doenças, também, exercendo de maneira plena e cidadã nosso legítimo direito de escolher os melhores representantes. Para isto acontecer, é necessário assumir a responsabilidade da pesquisa, da busca da informação, da necessária diligência a fim de fazer do nosso clique na urna eletrônica o poder capaz de mudar um país. Votar bem e votar certo só é possível quando se desenvolve uma visão crítica daqueles que se apresentam em busca de nosso voto, e não transferindo aos líderes eclesiásticos - sejam eles quem forem - a última palavra de nos dizer em quem votar. Precisamos nos libertar desta alienação geradora do analfabetismo político.

Urge que nosso interesse vá além da vida eterna do ali e do além em prol de uma atuação no aqui e no agora. Somos o povo de Deus, e não um curral eleitoral; somos seres pensantes, e não mulas sem entendimento que necessitam de cabresto dos seus donos para seguir a direção desejada por eles.

Entender o Reino como um mistério não domesticável, tal qual o Espírito a soprar como vento onde menos se espera, é superar uma visão tribal do nosso voto. Precisamos, em outubro próximo, escolher candidatos capazes de pensar as grandes questões nacionais, no caso de governantes e legisladores federais, e enfrentar os dilemas do cotidiano que nos são mais próximos, no eu se refere aos deputados estaduais - e não gente que venha a agir, nos governos e nas Casas legislativas, em benefício somente das igrejas e grupos eclesiásticos que os indicam ao eleitor. Precisamos ir além dos assuntos morais e daqueles ligados à família cristã. Isso é reduzir a agenda política. Os importantes e desafiadores temas que dizem respeito ao homossexualismo, à legalização do aborto e do consumo de entorpecentes não deveriam ser as nossas únicas preocupações quando vamos votar. Existem reformas de base a serem feitas nesta nação, capazes de nos fazer dar um salto definitivo rumo ao desenvolvimento capaz de promover enorme bem estar para toda a população. O Brasil reclama reformas no sistema eleitoral, na política, nos mecanismos tributários e nas instâncias judiciais, entre muitas outras que deveriam ocupar nossa agenda com a mesma intensidade com a qual colocamos energia nos aspectos religiosos e morais. Deveríamos nos focar em temas do Reino de Deus, não permitindo que a Igreja se transforme numa tribo isolada das preocupações que tocam todo o país. Por isso mesmo, irmão não é obrigado a votar em irmão. Um candidato deve ter como credencial algo maior do que seu título pastoral ou o desejo de ser um mero despachante para agilizar as "coisas" da igreja; ele precisa ser versado e habilitado para propor soluções a complexos problemas e ostentar um discurso mais amplo do que a aquele cheio de jargões religiosos. O Reino de Deus é maior que a Igreja e inclui temas e pessoas que podem vir a ser excluídos por uma instituição. Precisamos construir uma nação para todos, e não um território onde encontram lugar aqueles que desejam participar da nossa tribo.

FORÇA E TRANSFORMAÇÃO

Ver este mundo como um palco no qual se manifesta o Reino de Deus é vacinar o nosso voto contra aqueles que transformam a igreja em seu império pessoal a ser usado como moeda de troca na disputa eleitoral. Infelizmente, não se governa um país como o nosso sem alianças. Certamente, fazer composições imperfeitas com partidos e pessoas igualmente distantes da perfeição faz parte do exercício do poder. Eis porque deveríamos ter candidatos que não fossem ingênuos como pombas, mas prudentes como as serpentes. Não nos esqueçamos que, da serpente, deve-se admirar a prudência, não a natureza venenosa que leva à morte. Seria muito bom se todos nós, eleitores cheios de um santo discernimento, reconhecês­semos os lobos vestidos de ovelhas que nada fazem senão saquear o aprisco - e a eles, através do nosso voto, disséssemos um retumbante não. Experimentar o Reino não somente como realidade interior, mas, também, estando presente nas estruturas político-sociais do nosso povo poderia nos levar a ter escolas dominicais mais amplas. Além do insubstituível ensino da Bíblia, porque não transformar os nossos espaços, também, numa escola de formação de cidadãos? Que tal uma experiência de ensino que, além da teologia, da doutrina e do conhecimento da Palavra de Deus, incluísse uma educação formadora de consciências capazes de se interessar por temas facilmente julgados como “não espirituais"? Se o Reino já está em nós, entre nós e além de nós, então, tudo é espiritual. Todas e quaisquer coisas que tocam a vida humana e a sociedade na qual vivemos é do interesse do Senhor do Reino, e deveria sê-lo também de nós, os seus súditos.

Respirar o ar do Reino de Deus nos faz sonhar com a possibilidade de que as igrejas pudessem produzir candidatos bem formados bíblica, intelectual e politicamente. Dado que o voto evangélico é uma importantíssima variável na nossa equação eleitoral, ao invés de sermos massa de manobra, quão maravilhoso seria se exercêssemos esta nossa força no sentido de pautar transformações para toda sociedade. Mas, é claro que nossas igrejas são um reflexo do nosso tecido social. Nossa óbvia ausência de educação mais sólida transparece em nossas comunidades. E a nossa ignorância social e política é um solo fértil para os piores candidatos - não somente os de fora, mas os de dentro da igreja. Diante desse quadro, nossa alma fica sempre a cambalear entre as forças da desesperança, geradoras do cinismo, e a insistente atuação profética que busca manter acesas as chamas da esperança e da vida.

Sempre que nos sentirmos perdendo essa batalha, deveríamos olhar de novo para Jesus e para o Reino pelo qual ele viveu e morreu. Então, sentiremos renascer em nós uma força que, acima das circunstâncias, nos fará continuar indo em frente, mesmo que a figueira nem sempre pareça florescer.

Nas próximas eleições, depois do devido estudo, da necessária dedicação em busca do discernimento e de uma boa dose de senso crítico, vamos às urnas, desejando que, ao apertar o botão eletrônico, escutemos, lá no fundo do nosso ser, a voz do Senhor, dizendo: "Pai nosso, venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus!".


Eduardo Pedreira é pastor da Comunidade Presbiteriana da Barra da Tijuca, no Rio, e um dos líderes do movimento de formação espiritual Renovare. Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) é também professor da Fundação Getúlio Vargas. (IN: Revista Cristianismo Hoje, edição 42, anos 7. Pp. 29-31.

VIVENDO UMA FÉ TRANSFORMADORA

VIVENDO UMA FÉ TRANSFORMADORA
43 No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galiléia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me.
44 Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
45 Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
46 Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê.
47 Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!
48 Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.
49 Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel.
50 Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás.
51 E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem. (João 1:43-51).

Introdução

Existe um jargão que as filosofias de autoajuda  repetem demais. É o “basta crer”. Ou algo como “Acredite e todos os seus sonhos se realizarão”. A Bíblia fala sobre a necessidade de ter fé, de crer, para que as coisas aconteçam, é verdade. Porém a Bíblia não usa isso como uma fórmula mágica para se obter prosperidade. O maior efeito da crença, da fé, biblicamente falando, é a transformação do ser. Talvez você já tenha pensando em mudar a sua aparência, mudar a sua situação financeira, ou outra coisa. Mas a maior transformação acontece quando você tem um encontro com Cristo. É isso que vamos ver agora. Leia o texto de João 1.43-51.

É sobre o encontro de Natanael com Jesus e a transformação daquele homem.  Mas o que é necessário para se VIVER uma fé transformadora?

1. CONHEÇA as promessas de Deus


Natanael, mesmo antes de encontrar Jesus, já tinha conhecimento das promessas de Deus. O argumento de Felipe para que ele o seguisse até Jesus é que ele seria o cumprimento das promessas e profecias de Deus. 

“...Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José”.

Natanael estava preparado para a transformação porque já conhecia as Escrituras. Se você quer  ter uma fé transformadora  precisa conhecer a Palavra de Deus.

Romanos 10.17 diz que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. Não dá para ter fé sem conhecer as promessas d’Ele.

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. (Romanos 10:17)

2. BUSQUE a Verdade


Do jeito que foi a conversa de Felipe e Natanael, tudo indica que eles já haviam conversado sobre esse assunto antes. Felipe sabia dos questionamentos de Natanael. Muito mais do que isso, parece que ambos eram buscadores da Verdade. Natanael demonstra o seu interesse em conhecer a verdade ao seguir Felipe, mesmo tendo algum tipo de ideia preconcebida a respeito da origem de Jesus. Se você quiser ser transformado pela sua fé, é preciso buscar a verdade.

“E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”. (Jeremias 29:13)

3. VENÇA preconceitos


Natanael era um homem sincero e sem enganos, como o próprio Jesus afirma. Contudo, Natanael tinha um preconceito a respeito das pessoas que eram de Nazaré. Assim como nos dias de hoje, havia regionalismos em Israel. Quem era de Jerusalém olhava com desdém sobre que era da Galileia, e os galileus olhavam com desdém para quem era de Nazaré. Apesar disso, Natanael venceu o seu preconceito e foi conhecer Jesus. “Pode alguma coisa boa vir de Nazaré?”, perguntou ele. Quando Felipe o convida “venha e veja”, ele passa por cima de sua ideia preconcebida e vai até Jesus. Talvez o maior entrave para que você tenha uma fé transformadora seja algum preconceito, alguma ideia preconcebida. Você precisa vencer isso!

“Deve-se evitar toda "precipitação" e todo o " preconceito" ao se analisar um assunto e só tome por verdade o que for claro e distinto”. (René Descartes).

4. RENDA-SE à manifestação de Deus


Jesus, ao ver Natanael, diz “Está aqui um homem em quem não há engano!”. Isso desperta a curiosidade de Natanael que pergunta “De onde o senhor me conhece?”.  Com a simples resposta de que Jesus o havia visto debaixo de uma figueira, Natanael exclama atônito “Tu és o Filho de Deus!”. Bom, é preciso lembrar que se Jesus disse que Natanael era sincero, e ele queria que realmente todos soubessem disso. Veja o que João 2.24-25 diz. Jesus conhecia bem os homens daquele lugar. Se ele declarou isso sobre Natanael  é porque ele era diferente.  Talvez Jesus soubesse de alguma coisa que Natanael costumava fazer debaixo da figueira. Talvez orações ao Senhor. Talvez ele tenha tido alguma experiência espiritual debaixo daquela árvore. É por isso que quando Jesus cita o fato de ele o ter visto debaixo da figueira, ele ser tomado de assombro e declarar a sua fé em Jesus como o Messias prometido. Deus conhece as nossas “figueiras”. Ele nos vê debaixo delas em nossa vida, no dia-a-dia, ouve nossas orações e sabe dos nossos questionamentos. Diante do poder de Deus é preciso se render e reconhecer o senhorio de Cristo.

Conclusão


Jesus  disse, em outras palavras, “Você ainda não viu nada, Natanael”.  Quando Jesus faz menção do céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem, ele está fazendo referência  à “escada de Jacó” (Gn 28.12).

Jesus sempre usava a expressão “Filho do Homem” para se referir a si mesmo. Isso encontramos em Daniel  7.13-14 que faz menção do reino eterno que o Filho do Home receberia do Ancião de Dias. Jesus, portanto, se identifica como o Messias ao falar se si mesmo como “Filho do Homem”. 

Nós ainda não vimos nada! Deus pode transformar a sua vida, coisas inimagináveis podem acontecer se você crer. Não estou falando de coisas materiais. Lembre-se, contudo, que a coisa mais maravilhosa já aconteceu: a sua salvação através da morte de Jesus na cruz. Essa é a maior transformação que poderia acontecer em você.

QUEM DISSE QUE SERIA SIMPLES?

QUEM DISSE QUE SERIA SIMPLES?

24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.
25 Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?
26 Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?
27 E qual de vós poderá, com todos os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura?
28 E, quanto ao vestuário, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam;
29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.
30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?
31 Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos vestiremos?
32 Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas;
33 Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
34 Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

(Mateus 6.24-34).

Introdução

Quando nos tornamos discípulos de Jesus, sendo alcançados pela sua graça salvadora, somos convidados a viver pela fé.

Se alguém não cria em Deus, começa a crer em um ser que não pode ver e não pode fazer uma imagem visual dele. Não me diga que é simples crer em Deus.

Crê em um Salvador a quem tampouco viu. Não tivemos a felicidade de ver fisicamente o Senhor Jesus como os primeiros discípulos. Viver pela fé é crer naquilo que não se vê. Mas Jesus ensina que viver pela fé é algo mais. É viver confiantemente no Senhor. É descansar na provisão e cuidado divinos, mesmo que tudo pareça ir em direção contrária.

Jesus convida seus seguidores a viverem pela fé.

Ele os tranquiliza, mas não diz que isso seria simples. Não é simples viver pela fé!

Viver pela fé é simplesmente complexo.

Algumas coisas precisam acontecer com o indivíduo para que ele consiga viver assim.

1. VER TRANSFORMADA A SUA NATUREZA HUMANA.

Em sua essência o ser humano vive no visual. Aquilo que ele não pode ver, ouvir e apalpar é muito difícil de aceitar.

É por isso que, mesmo no campo da fé, o homem comum comete o erro de usar objetos e imagens para “auxiliar” a sua crença.

É por isso que é mais fácil para o ser humano (e mais natural) se garantir com o material, com o dinheiro. Fazendo isso, o indivíduo acaba tentando servir a “dois senhores” como Jesus disse: a Deus e às riquezas.

“24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”.

Para que o ser humano consiga viver pela fé, primeiro ele precisa mudar lá dentro: isso é conversão.

Só um convertido pode afirmar:

“Porque vivemos por fé e não pelo que vemos” (2Co 5.7).

2.  VER MUDAR A SUA ESCALA DE VALORES

A próxima transformação, e que não é nada fácil, pois tira o ser humano da sua “zona de conforto” é mudar a sua escala de valores. As coisas que ele acreditava serem muito valiosas precisam ser substituídas. Jesus propõe isso aos seus ouvintes. Eles precisavam mudar seus valores.

A hierarquia de necessidades de Maslow, também conhecida como pirâmide de Maslow, é uma divisão hierárquica proposta por ABRAHAM MASLOW, (Abraham Maslow (1 de Abril de 1908, Nova Iorque — 8 de Junho de 1970, Califórnia) foi um psicólogo americano, conhecido pela proposta Hierarquia de necessidades de Maslow).

Em sua pirâmide ele diz que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Cada um tem de "escalar" uma hierarquia de necessidades para atingir a sua auto-realização.

Em seu sermão o Senhor Jesus demonstra conhecer claramente as que coisas que precisamos:

V. 32 - “....Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas”.

É a partir das coisas que necessitamos que Maslow define um conjunto de cinco necessidades descritas na pirâmide.

- necessidades fisiológicas (básicas), tais como a fome, a sede, o sono, o sexo, a excreção, o abrigo;

- necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;

- necessidades sociais ou de amor, afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube;

- necessidades de estima, que passam por duas vertentes, o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos;

- necessidades de auto-realização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser.

Através da fé e de nossa vida cristã, nossa escala de valores é muito transformada. Nosso gênero de Primeiro Necessidade é:

Vers. 33 – “Mas, buscai primeiro o reino de Deus”.

Agora um lírio do campo era mais rico que Salomão,

“28...Olhai para os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam; 29 E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”. (v.28-29)

Agora, um passarinho era modelo de cuidado divino.

Aquele que já passou pela transformação do seu íntimo pode falar como Paulo falou:

“Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo.

Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo”. (Filipenses 3:7-8).

A segurança de Paulo estava em sua posição, poder, influência, carreira. Agora tudo aquilo não tinha mais valor para ele. Ele havia descoberto como viver pela fé.

3. VER MUDAR TODO O SEU COMPORTAMENTO

Jesus convida os seus discípulos e os ouvintes do seu sermão a mudarem de atitude. O comportamento deles deveria refletir a mudança de pensamento de quem, agora, havia decidido que os tesouros ajuntados na terra não poderiam ser levados para o céu, não serviriam de mais nada, só para preocupações.

Jesus nunca disse que nós deveríamos parar de trabalhar e começar a viver esperando o maná cair do céu.

Jesus apenas acalmou aqueles que estavam tão preocupados com o seu sustento, a ponto de perder a alegria de viver, de se tornarem escravos das coisas materiais. Os primeiros cristãos a lerem o evangelho de Mateus estavam sendo perseguidos diariamente. Eles não sabiam se estariam vivos no dia seguinte. Essas palavras foram de grande alento para eles. É como o salmista escreveu: “Já fui jovem e agora sou velho, mas nunca vi o justo desamparado, nem seus filhos mendigando o pão” (Sl 37.25). Isso, mais do que uma constatação do salmista, era uma promessa e um alivio!

Conclusão

O mais maravilhoso de viver pela fé é saber que pela ela temos a certeza de que um dia estaremos com o Senhor. Vivemos pela fé de que somos salvos e perdoados dos nossos pecados. Um último texto resume essa mensagem:

"Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus" (Ef 2:8).

Não é simples viver pela fé, mas uma vez que somos atingidos pela graça de Deus a obra do Senhor é feita em nossas vidas e assim podemos vivera cada dia bastando a cada dia os seus próprios problemas. Que Deus o ajude a viver pela fé!

BEM AVENTURADOS OS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DA JUSTIÇA

BEM AVENTURADOS OS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO POR CAUSA DA JUSTIÇA.

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.  (Mateus 5.10).

Perseguidos Por Causa da Justiça...

PERSEGUIDOS

O mundo ama o pecado e aborrece a justiça, e foi essa a causa de sua hostilidade para com Jesus. Todos quantos recusam Seu infinito amor, acharão o cristianismo um elemento perturbador. A luz de Cristo espanca as trevas que lhes cobrem os pecados, patenteando-se a necessidade de reforma. Ao passo que os que se submetem à influência do Espírito Santo começam lutar consigo mesmos, os que se apegam ao pecado combatem contra a verdade e seus representantes.

Aqui Cristo se refere em primeiro lugar à perseguição sofrida no processo de abandonar o mundo e voltar-se a Deus. Desde a entrada do pecado, existiu inimizade entre Cristo e Satanás, entre o reino dos céus e o reino deste mundo, e entre os que servem a Deus e os que servem a Satanás

“E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”. (Gênesis 3:15)

“E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos” (Apocalipse 12:7).

Este conflito tem de continuar até que os reinos do mundo venham a ser de nosso Senhor e de seu Cristo,

“E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre”. (Apocalipse 11.15).

Paulo advertiu os crentes que através de muitas tribulações teriam de entrar no reino de Deus.

“Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.”  (Atos 14.22).

Os cidadãos do reino celestial podem esperar tribulações neste mundo:

“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.  (João 16:33).

Os inimigos do reino celestial perseguiram a Cristo, o Rei, e se espera que persigam a seus súditos leais.

“Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa”. (João 15.20).

E também todos os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus padecerão perseguição.

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”.  (2 Timóteo 3.12).

...DELES É O REINO DOS CÉUS. 

Se sofremos, também reinaremos com ele.


“Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; (2 Timóteo 2:11-12).

Quem mais sofre por Cristo são os que melhor podem apreciar quanto sofreu ele por eles. É apropriado que na primeira bem-aventurança e na última esteja a segurança de que essas pessoas serão súditos do reino. Os que cumprem com as oito condições aqui enumeradas para ser cidadãos, são dignos de um lugar no reino.

A BEM-AVENTURANÇA DE SOFRER POR CRISTO

Uma das qualidades importantes de Jesus era sua honra e transparência. Nunca deixou dúvida alguma a alguém que pretendesse segui-lo. Estava seguro que não viera para conceder uma vida fácil, mas fazer pessoas grandes.

Nos custa alcançar o que sofreram os cristãos primitivos. Todos sofreram intensamente.

1. SER CRISTÃO AFETARIA SEU TRABALHO

Suponhamos que um cristão primitivo era pedreiro. Parece ser uma função inofensiva. Suponhamos que sua empresa tenha um contrato para construir um templo de um dos deuses pagãos. Que faria este homem?

Suponhamos que o cristão fosse um alfaiate, e que fosse encarregado de tecer vestimentas para os sacerdotes pagãos. Que faria este homem?

Nesta situação em que os primeiros cristãos se encontravam, existiam poucos trabalhos em que não houvesse conflito entre os interesses comerciais e sua lealdade a Jesus Cristo.

2. SER CRISTÃO AFETARIA A SUA VIDA SOCIAL.

No mundo antigo, a maior parte das festas eram celebradas no templo de algum deus. Eram raros os sacrifícios que se queimavam completamente o animal no altar. Muitas vezes eram queimadas pequenas partes do animal como um sacrifício simbólico. Os sacerdotes recebiam como oferendas de seu ofício parte da carne, e outra parte devolviam ao adorador. Com sua parte fazia uma festa para seus parentes e amigos. Um dos deuses mais populares era Serapis. Quando a festa era celebrada em seu Templo, os convites diziam assim: Convido-te a cear comigo, na mesa de nosso senhor Serapis.

(Serápis foi uma divindade sincrética helenístico-egípcia da Antiguidade Clássica. Seu templo mais célebre localizava-se em Alexandria, no Egito. Seu símbolo era uma cruz).

Poderia um cristão participar de uma oferta oferecida em um templo pagão? Até as comidas corriqueiras eram oferecidas como libação, e um copo de vinho era derramado em honra aos deuses. Era como o nosso dar graças pelo alimento. Poderia um cristão participar de um gesto pagão como este? Novamente vemos que a resposta cristã era clara. Um cristão tinha que se  afastar de seus amigos antes de prestar sua aprovação a tais coisas com sua presença. Tinha que estar disposto a ser um cristão fiel.

Parece o MUNDO Falando mal da Bíblia: VOCÊ É TÃO QUADRADA!

3. SER CRISTÃO AFETARIA A SUA FAMÍLIA

Sucedia que muitas vezes o membro da família era cristão e os demais não. Uma mulher poderia ser cristã e seu marido não. O mesmo poderia ser com um filho ou filha. Imediatamente surgia uma divisão na família. Muitas vezes as portas da casa eram fechadas para sempre para os que se tornavam cristãos.


O cristianismo não trazia muitas vezes paz mas espada que dividia as famílias. Era literalmente certo que uma pessoa tinha que amar a Cristo mais que seu pai, mãe, esposa, irmão ou irmã. O cristianismo era escolhido por pessoas que tornavam Jesus o mais querido em suas vidas.

Os castigos sofridos pelos cristãos eram terríveis além de toda descrição.

A história nos relata de cristãos que foram jogados na arena e devorados por leões, queimados em patíbulos; porém estas eram mortes consideradas piedosas.

Nero envolvia os cristãos com betume e colocava fogo para usar como tochas vivas em seus jardins. Cobria-lhes com peles de animais selvagens os lançava para feras famintas para serem despedaçadas, eram torturados por cavalos, arrancavam a pele com garfos, lançavam no chumbo fervido derretido, fixavam placas de bronze fervendo nas partes mais sensíveis do corpo, arrancavam os olhos, cortavam partes de seu corpo e assavam ante seus olhos, queimavam suas mãos e colocavam água fria para intensificar o sofrimento. Não é agradável pensar nestas coisas, mas eles sofriam em nome de Cristo. Poderíamos perguntar o porquê dos romanos perseguirem os cristãos.

Parece algo extraordinário que uma pessoa que viveu uma vida cristã se considerasse uma vítima apropriada para ser perseguida até a morte.

Havia algumas razões:

1.    DISSEMINAÇÃO DE CALÚNIAS

1.1 ACUSAVA-SE OS CRISTÃOS DE CANIBALISMO. As palavras da Última Ceia: Este é meu corpo; Este corpo é o novo concerto é meu sangue. Havia calúnias em que os cristãos sacrificavam crianças para comê-las.

1.2 ACUSAVA-SE OS CRISTÃOS DE PRÁTICAS IMORAIS, E SE DIZIA QUE PARTICIPAVAM DE ORGIAS INDECENTES. A reunião semanal dos cristãos se chamava Ágape, a Festa do amor, e esse nome se interpretava maliciosamente. Os cristãos se saudavam com o beijo da paz, e isto foi usado para construir acusações caluniosas.

1.3 OS CRISTÃOS ERAM ACUSADOS DE SER INCENDIÁRIOS. É verdade que falavam que o fim do mundo estava próximo, e revestiam sua mensagem com quadros apocalípticos do mundo em chamas.

“Aguardando, e apressando-vos para a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se desfarão, e os elementos, ardendo, se fundirão?”.  2 Pedro 3:12

Seus caluniadores tomavam estas palavras e as interpretavam como ameaças de terrorismo político e revolucionário.

1.4 OS CRISTÃOS ERAM ACUSADOS DE DESFAZEREM LAÇOS FAMILIARES. De fato, por causa do cristianismo foram ocasionadas divisões em famílias. Causava divisões entre marido e mulher e desarticulava o lar. Haviam calúnias inventadas por gente má.

“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim”. (Mateus 10:37)

2. PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Pensemos na situação. O império romano abarcava quase todo o mundo conhecido, desde as ilhas britânicas até o Eufrates, desde a Alemanha até o Norte da África. Como podia manter todos estes povos unidos? Que princípio unificador poderia encontrar?

Em um princípio se encontrou o culto a deusa de Roma, o espírito de Roma. Este era o culto que os povos das províncias davam de boa vontade, porque lhes havia trazido paz e um bom governo, ordem e justiça. Limparam suas rodovias de bandidos, os piratas dos mares, os déspotas e tiranos foram despojados da imparcial justiça romana. As pessoas das províncias estavam dispostas a oferecer sacrifícios ao espírito do império que havia feito tanto por ela.

Porém o culto de Roma foi transferido para outro objeto. Havia um homem que era a personificação do império romano, em que se podia dizer que Roma se encarnava, e esse homem era o imperador, e assim não demorou para que fosse considerado um deus, e se iniciaram as honras divinas e a se levantar templos a sua divindade. Não partiu de Roma o início deste culto, de fato, fez todo possível para desanimá-lo. O imperador Cláudio, dizia que lamentava que lhe dessem honras divinas a qualquer ser humano.

Porém, com o passar dos anos, o governo romano viu no culto ao imperador a única prática que podia unificar o vasto império romano, assim haveria um centro em que poderia reunir todos seus habitantes. Assim é que acabou não só em aceitar mas impor o culto ao imperador.

Uma vez ao ano, todas as pessoas tinham que presentear e queimar incenso a divindade de Cesar e dizer: Cesar é senhor. E isto os cristãos se negavam a fazer. Para eles Jesus Cristo era o único Senhor, e não dariam a nenhum ser humano num título que pertencia exclusivamente a Cristo.

Está claro que o culto a Cesar era uma forma de lealdade política mais que nenhuma outra coisa. De fato, quando um homem havia queimado uma pira de incenso e repetido a fórmula recebia um certificado, um libellus de que havia feito, e logo poderia oferecer um culto a qualquer outro deus, sempre que não fosse contra a decência e a ordem pública.

Os cristãos se negavam a submeter-se. Ao enfrentarem o dilema Jesus/Cesar não vacilavam em se definirem como cristãos. Negavam-se a qualquer outra proposta.

“E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. (Filipenses 2:11).

Na verdade por melhor que fosse o cidadão, ou de excelente convívio se tornava imediatamente um fora da lei. No antigo império romano não era tolerado qualquer desavença, e isto era o que as autoridades romanas consideravam ser as congregações cristãs. Um poeta disse: Ao agoniado e encurralado rebanho cujo crime era Cristo.

O único crime que os cristãos haviam colocado era terem Cristo em primeiro lugar acima de Cesar, e por sua suprema lealdade morreram milhares de cristãos e foram torturados devido sua opção de declarem a Jesus como o supremo em suas vidas.

A ÚLTIMA BÊNÇÃO

“Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles e o reino dos Céus”. (Mateus 5: 10).

Neste verso chegamos à última bem-aventurança. A promessa dessa bem-aventurança e idêntica à da primeira: deles é o rei­no do Céu. Mateus 5: 3 e 10.

Nesse pacote, Jesus colocou alguns dos mais importantes conselhos de Seu ministério. Nele, Ele descreveu a essência do caráter de cada cristão.

O fato de que Jesus apoiou esse importante segmento de Seus ensinos com a menção do reino de Deus, é altamente significativo. O centro, tanto da Sua mensagem Mateus 4: 17 como da mensagem de João Batista Mateus 3: 2 era que o reino de Deus era chegado.

A importância do Sermão do Monte, é que ele apresenta os princípios do reino de Jesus no início do Seu ministério. E esses princípios, são extremamente diferentes dos princípios do mundo, e até mesmo dos princípios do mundo religioso dos dias de Jesus e dos nossos.

Os judeus esperavam um reino de poder e glória, mas Jesus disse que antes daquele reino chegar, Seus seguidores viveriam em um reino de humildade de espírito, lamento pelo pecado, mansidão, fome e sede de justiça, misericórdia, pureza, promoção da paz, e perseguição.

“Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa”.  (Mateus 5:11).

Para colocar em termos simples, o reino de Jesus não era o que os judeus esperavam. Aquele reino virá em sua plenitude por ocasião da segunda vinda de Cristo. No reino de poder e glória, os caminhos do mundo e do mundo religioso não terão lugar. Muito pelo contrário, seus caminhos serão de mansidão, paz, misericórdia e assim por diante.

Para mim, isso significa que a época presente é o tempo de começar a viver os princípios do Céu. Meu caráter não será transformado por ocasião da segunda vinda de Jesus. Continuarei sendo o que tenho sido. Agora é o tempo de permitir que Deus mude meu coração e minha vida para que eu possa estar preparado para a plenitude do reino.

Jesus Nunca nos Prometeu um Mar de Rosas

“Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a Mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas Eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia”. (João 15. 18 e 19).

“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo”. (2 Coríntios 12:9).

“Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada”. (Romanos 8:18)

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas”. (2 Coríntios 4:17-18).

“E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.

Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra”. (Apocalipse 7:14-15).

Na obra “O Apóstolo dos Pés Sangrentos” encontra-se um relato maravilhoso sobre a vida de um jovem que se converteu ao cristianismo e o significado do que significa sofrer por causa da justiça. A história relata a conversão do jovem Sundar Sing que foi profundamente influenciado pelo testemunho dos missionários protestantes e tornou-se um seguidor de Jesus Cristo.

Após a conversão surgiram as primeiras perseguições. Inicialmente ele foi posto para fora de casa, uma vez que sua decisão por Cristo foi uma espécie de afronta aos costumes religiosos de sua família. Expulso de casa começou a percorrer todas as regiões do Himalaia, pregando o evangelho e testemunhando do amor de Deus.

Foram muitas as situações de perseguição pelas quais o jovem passou, contudo enfrentou todas elas de cabeça erguida demonstrando assim o seu profundo amor a causa de Cristo. Com certeza a história do jovem Sadu Sundar Sing é bastante atípica e singular, entretanto traz em si uma verdade que tem fundamentos bíblicos e da qual não se pode fugir, isto é, ninguém que se disponha a seguir a Jesus Cristo está isento de passar por perseguições.

Ele ficou conhecido como “O Apóstolo dos Pés Sangrentos” porque foi expulso de casa descalço como sinal de humilhação, por ter os pés tão sensíveis e ter que caminhar sobre a neve, os seus pés racharam e onde ele pisava deixava marcas de sangue. Talvez não tenhamos que enfrentar tantos sofrimentos e perseguições como o jovem Sadu, porém não podemos esperar uma vida sem perseguição alguma.

John MacArthur comentando sobre o texto afirmou que Jesus estava dizendo aos seus ouvintes:

“Olhem, vou lhes avisar logo de início que existe um preço a ser pago para que vivam no meu reino. Não pensem que terão tronos, glória, coroas, fama, prestígio, aceitação, o amor, o elogio e a exaltação de todos. Se vierem para o meu reino sofrerão. É bom que saibam”.

Jesus sempre foi muito sincero com os seus discípulos, nunca escondeu nada e nem prometeu uma vida de tranqüilidade. Viver a experiência do reino de Deus de forma autêntica implica em lutas constantes.

Quanto mais se deseja viver o projeto de Deus mais obstáculos serão encontrados no caminho. O apóstolo Paulo exortou o jovem pastor Timóteo:

“E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições”. (2 Timóteo 3:12)

Jesus concluiu afirmando: “Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus”. Movidos por esta certeza, jamais deixemos de viver uma vida alicerçada nos padrões éticos e morais do reino de Deus, ainda que isso implique em duras e doloridas perseguições.