AXEL FREDERICO ANDERSON - UM CURTO MINISTÉRIO E DE GRANDE IMPORTÂNCIA

AXEL FREDERICO ANDERSON
LEONTINA DE CARVALHO MOURA
03/01/1922 a 20/09/1923

AXEL FREDERICO ANDERSON
Pastoreou a PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE CAMPO GRANDE – RJ, no período de 03/01/1922 a 20/09/1923.


Na semana em que nossa Igreja completa seus 107 anos de existência (Organizada em 18 de dezembro de 1903), decidimos publicar a biografia do 8º (oitavo) pastor do total de dezenove que já passaram por nossa igreja.



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Nasceu em 18 de Agosto de 1891, em São Paulo, sendo filho de Axel Anderson e Hilma Christina Anderson. Seus pais, anteriormente luteranos, casados em 02/11/1879, tornaram-se batistas, nos primórdios da obra batista na Suécia, país de origem de ambos. Foram batizados na Igreja Batista de Guesta, pelo Pr. Frederick Pafra, em 1886. Vieram para o Brasil como imigrantes, em Abril de 1891, indo residir no interior do Estado de São Paulo, onde em Agosto nasceria o filho Axel. Ali ficaram sem contato com qualquer comunidade evangélica. Somente em 1905 aconteceu de serem visitados por um batista de origem sueca, o colportor João Selberg, que percorria, todo o interior do Estado, distribuindo Bíblias, Novos Testamentos, Evangelhos e, como o Cantor Cristão ainda engatinhava, vendia também os “Psalmos e Hinos”, de origem congregacional, mas usado pelos demais evangélicos. Tratava-se de um obreiro muito entusiasmado e alegre, que cantava e ensinava muitos hinos e pregava com muita eloqüência e grande paixão pelas almas.

Axel converteu-se em 1900, contando 9 anos de idade, através do exemplo de vida de seus pais que nem sabiam da existência de outros batistas no Brasil, o que só tomaram conhecimento em 1905. Em 1912 o Pr. José Gresenberg, líder espiritual da Igreja Batista de Campinas, visita a família e com 21 anos de idade Axel é batizado, juntamente com um de seus irmãos e mais três pessoas, no sítio de seu pai, no Córrego do Paraguai, a 18 Km. de Penápolis. Gostava de falar de Cristo para as pessoas à sua volta, inclusive tendo evangelizado um colega de trabalho de nome Vitório um mês antes da sua morte, em 1910, ano da passagem do Cometa Halley, quando trabalhavam juntos, numa missão próxima da cidade de Penápolis-SP, encarregada de elaborar mapas para o avanço da estrada de ferro para o interior, no tempo da Maria Fumaça. Ao mudar-se para o Noroeste Paulista, em 1913, pregava regularmente aos domingos e dias de cultos na casa do Sr. Guido Maiolato, a quem ganhou para Cristo, bem como a sua esposa, a sua mãe e o português Joaquim. Este último no leito de morte declarou: “Estou vendo o céu e o lindo palácio que Jesus preparou para mim”. Axel registrou ali, só num dia 50 decisões por Cristo. Várias dessas pessoas foram batizadas pelos pastores: José Gresenberg e W.B.Bagby. Em 1915 foi inaugurado em Potirandaba o primeiro templo batista, em que Axel e o Pr. Gresenberg confeccionaram as portas e janelas de madeira do mesmo.

Nessa ida do Pr. Gresenberg a Potirandaba a mãe de Axel falou com o pastor sobre o desejo do filho de preparar-se para pregar o Evangelho. O mesmo o colocou em contato com o Missionário João Shepard, Diretor do Colégio e Seminário do Rio, começando Axel em 1916 os seus estudos. E como era comum os problemas decorrentes da sua preparação intelectual. No 1º ano rachava lenha, capinava, plantava e limpava o enorme quintal da instituição, tão logo deixava a sala de aula. No 2º ano dirigia a ginástica dos internos, levantando-se às 5 horas; servia café, das 07:00 as 07:30 horas, seguindo rápido para as aulas dos Cursos de Bacharel em Ciências e Letras (depois científico) e Bacharel em Teologia; 10:45 horas, ia servir às mesas; 12:30 horas, voltava para as aulas; às 15:00 horas servia o lanche aos alunos; às 17:45 horas preparava as mesas para o jantar e em seguida ficava responsável pelos alunos que, por indisciplina, perdiam o direito de recreio; às 20:00 horas tomava conta do chá e em seguida levava os alunos para o dormitório e os vigiava até que houvesse total silêncio. Dirigia-se, então, para o seu local de dormir, onde passava um bom tempo, enquanto aguentasse, estudando as lições do dia.

À partir de Setembro de 1917 foi professor de uma classe de EBD na Igreja do Engenho de dentro, liderada pelo Pr. Ricardo Pitrowsky, que veio a ser um grande amigo seu. Foi também designado para atuar como evangelista da frente missionária daquela igreja na Cidade de Nova Iguaçu. Viajava para ali às quintas-feiras e domingos, pregava e ensinava e isto por dois anos. Foi o ano da pandemia conhecida como Gripe Espanhola que causou tanto sofrimento ao Brasil e ao mundo inteiro. Axel, por não contrair a mesma no primeiro momento, apesar de conviver com tantos infectados. Por causa disso no Colégio e Seminário ficou responsável em ajudar mais de 60 dos internos, enfermos. Lembrava-se ele que, de pé, só restaram: o colega Ubaldino de Souza e o cozinheiro Prudêncio. Ubaldino levantava-se às 4 ou 5 horas da manhã para conseguir remédios para os doentes e isto durava praticamente todo o dia porque havia poucas farmácias e as filas eram enormes. O cozinheiro Prudêncio se ocupava em fazer chá e comida variada, de acordo com a prescrição médica. Axel servia os doentes e fazia a limpeza. Aconteceu algo impressionante. A pandemia, que era das mais letais, não causou maior dano, enquanto a Cidade se cobria de luto. Axel, já quase no final, também contraiu a pandemia, mas dizia ele: “Peguei a Gripe, mas me curei com suador e em três dias voltei às aulas”. Desde cedo ele aperfeiçoou-se em tratamento com ervas e providências caseiras para combater enfermidades.

Em 1918, durante as férias, Axel fez uma viagem evangelística ao interior de São Paulo, indo encontrar-se com a família. Foi o ano em que seu pai vendeu o sítio e a família estava decidida a ir para a Suécia. Porém, a situação resultante na Europa, ao fim da 1ª Grande Guerra tornou isso impossível. Foram, então, para a Cidade de Assis-SP, na Alta Sorocabana. Ali Axel encontrou três batistas e, junto com os mesmos, pregava e conseguiu ganhar algumas almas que depois foram batizadas pelos pastores: José Gresenberg e Tecê Bagby, este último filho do grande pioneiro. Após as férias Axel não pode retornar ao Rio e perdeu o ano de estudo. Trabalhou na construção de um hotel em Assis.

Retornou aos estudos e lançou-se novamente aos trabalhos evangelísticos, inclusive em Nova Iguaçu. Ao assumir a direção da PIB. de Campo Grande, em 03/04/1921, o Pr. Ricardo Pitrowsky levou Axel para ser o seu auxiliar, atuando como evangelista, suprindo assim as suas ausências. No ano seguinte, em 03/01/1922, ainda estudando, aconteceu a sua consagração e posse, despedindo-se na mesma ocasião o Pr. Pitrowsky. A igreja funcionava numa casa alugada, bem próxima da atual sede própria. No final de 1923 concluiu, com distinção o Curso de Bacharel em Ciências e Letras e Bacharel em Teologia. Foi responsável pela compra da tão sonhada propriedade da Igreja, em 1922, por 16 contos de reis, como informou o mesmo, para onde a igreja se transferiu no mesmo ano, indo localizar-se numa modesta casa existente. Deu início, no mesmo ano, à Congregação de Bangu, que resultaria na PIB. em Bangu, organizada em 20/07/1928, mas que veio a tornar-se filha da PIB. de Jacarepaguá.

Foi na PIB. de Campo Grande que o jovem Axel conheceu a que viria a ser a sua querida esposa: Leontina de Carvalho Moura, que ele descrevia como sendo uma jovem muito linda e prendada. O casamento aconteceu na Pretoria de Campo Grande, em 25 de fevereiro de 1922, pouco mais de um mês após a sua consagração. Leontina era filha de Seraphim de Carvalho Moura e Leopoldina Carvalho de Almeida, ligados à PIB. de Campo Grande. Na ocasião do casamento ele contava 30 anos e ela 25. O casal trouxe ao mundo os filhos: Walter (05/02/1923), ainda em Campo Grande; Axel Frederick (28/03/1924); Cordélia (23/05/1925); Leontina (02/08/1927); David Anderson (21/01/1929); Ada Emyrce (12/01/1935). Em 1951, estando ele com 60 anos e ela com 55 anos resolveram adotar como filha, na Cidade de Presidente Venceslau-SP, uma menina cuja mãe morrera por ocasião do parto e que tornou-se, igualmente, uma filha muito querida e que lhes trouxe muitas alegrias. Devido as idades de ambos, não puderam adquirir a paternidade oficial, mas foram aceitos como tutores. Cada um dos filhos mencionados nasceu em um lugar diferente devido as andanças do Pr. Axel. Esses filhos lhes proporcionaram: 28 netos, 34 bisnetos e 24 trinetos. Um dos netos é pastor e uma outra, missionária.

Pastoreou as seguintes Igrejas: 01-PIB. de Campo Grande (Rio-RJ); 02-PIB. de Nova Iguaçu (RJ); 03-PIB. de Aperibé (RJ); 04-PIB. de Lençóis Paulista (SP); 05-IB. de Penápolis (SP); 06-PIB. de Jundiaí; 07-PIB. de Socorro (SP); 08-PIB. de Campinas (SP); 09-PIB. de Bauru (SP); 10-IB. de Pirajuy (SP); 11-IB. de Cafelândia (SP); 12-PIB. da Penha (SP);13-PIB. de Santo Amaro (SP); 14-IB. de Presidente Prudente (SP); 15-IB. de Paraguaçu Paulista (SP); 16-PIB. de Ourinhos (SP); 17-IB. de Quatá (SP). Trabalhou em evangelização nos lugares: Nova Iguaçu (RJ); Campo Grande (Rio-RJ); Bangu (Rio-RJ); Viradouro (RJ); Anhumas (RJ); Assis (SP); Martinópolis (SP); Nova Europa (SP); Paulicéia (SP); Porto Epitácio (SP). O total de batismos realizados é superior a 1.060.

Começou a lecionar à partir de 1943 as matérias: inglês, francês e latim. Em 1948, por concurso, tornou-se professor de inglês e em 1949, com a apresentação de títulos, tornou-se também Diretor de ensino secundário da rede estadual de São Paulo. Criou em 1951, em Presidente Prudente a Escola Normal estadual. Depois de outras atividades, sempre ligadas ao exercício pastoral, aposentou-se 19/08/1961.

Em 25 de Março de 1973, com 81 anos e 7 meses parte para o encontro com o Senhor Axel Frederico Anderson, que exerceu um dinâmico e produtivo pastoreio por 51 anos. Sepultado no Cemitério da Cidade de Paraguaçu Paulista-SP, tem ao seu lado a querida, dedicada e incansável esposa Leontina, companheira durante 51 anos, que veio a falecer em 25 de Março de 1984, com 87 anos e quase 6 meses.

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FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

1 – Relatos do bibliografado;
2 – Dr. Felix Racy, genro.
3 – Profª Cordélia Anderson Gonçalves, filha;
4 – Profª Ada Emyrce Anderson Hinkle, filha.